Ir para o conteúdo

Atraso de repasses do Governo de Rondônia coloca em risco atendimento de diálise em Ji-Paraná

A Clínica Renal Rondônia (Clineron), responsável pelo atendimento de hemodiálise em Ji-Paraná, enfrenta uma das situações mais críticas já registradas no serviço. Há cinco meses sem receber os repasses estaduais, a unidade acumula uma dívida de R$ 2.112.846,87, correspondente às notas mensais e complementos das competências de junho a outubro de 2025. No período, nenhum pagamento foi efetuado e tampouco houve repasse de ajuda de custo, valor adicional destinado ao tratamento dos pacientes renais crônicos.

De acordo com os documentos enviados à Secretaria de Estado da Saúde de Rondônia (Sesau), seguem em aberto os complementos de junho, julho, agosto, setembro e outubro – cada um no valor de R$ 180 mil, todos regularmente emitidos. Também permanecem pendentes as notas mensais de setembro (R$ 624.147,73) e de outubro (R$ 588.699,14). Somados, os valores totalizam R$ 2.112.846,87 que deveriam ter sido repassados à clínica ao longo dos últimos meses.

A Clineron atende 180 pacientes, todos dependentes de hemodiálise três vezes por semana para sobreviver. A falta de pagamentos compromete diretamente a compra de insumos, o funcionamento dos equipamentos e a manutenção da estrutura necessária para garantir a segurança do tratamento. Segundo a direção da unidade, o estoque de materiais já se encontra em situação crítica, uma vez que depende de fornecedores de outros estados e de logística especializada.

De acordo com o nefrologista e sócio da clínica, Fernando Ceretta, o momento é de alerta máximo. “Estamos há meses tentando manter o atendimento sem nenhum repasse. A diálise não pode esperar – qualquer atraso coloca vidas em risco imediato. Os pacientes dependem desse cuidado contínuo, e sem insumos simplesmente não é possível continuar. Precisamos que o Governo do Estado regularize urgentemente os pagamentos. Não há mais margem para manobras”, afirma.

A Clineron informa que já comunicou oficialmente a situação à Sesau, ao Ministério Público e a órgãos de controle. Caso os repasses não sejam regularizados nos próximos dias, existe risco real de interrupção do serviço, o que pode ser fatal para dezenas de pacientes que não têm alternativa de tratamento na região.

A Associação Brasileira de Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) também acompanha o caso e alerta que a situação de Ji-Paraná se soma a um cenário nacional de instabilidade no financiamento da terapia renal substitutiva, que já ameaça unidades de várias regiões do país.

A entidade reforça o apelo ao Governo de Rondônia para que adote medidas imediatas de regularização dos pagamentos, garantindo a continuidade do serviço e evitando um colapso que colocaria centenas de vidas em risco.

Foto: iStock – Mailson Pignata

Fonte: Rondônia Plural

Compartilhar

Inscreva-se para receber novidades

Artigos Relacionados