Especialista explica que nos casos de intoxicação por bebidas adulteradas, a máquina de diálise é essencial para remover o metanol e reverter a acidose metabólica que pode causar cegueira e morte.
Hemodiálise contribui para a melhora clínica das vítimas de intoxicação por metanol
Especialista explica que nos casos de intoxicação por bebidas adulteradas, a máquina de diálise é essencial para remover o metanol e reverter a acidose metabólica que pode causar cegueira e morte.
Enquanto antídotos como o etanol ou o fomepizol agem impedindo que o metanol se converta em ácido fórmico, a hemodiálise faz o trabalho de remover essa substância e seus metabólitos tóxicos que já estão circulando no sangue. Essa dupla ação de bloqueio e remoção aumenta a chance de sobrevida do paciente, já que possibilita a correção da acidose metabólica, como explica o médico nefrologista da Fundação Pró-Rim, Dr. Antonio Amadeu Parisotto Giannasi, inscrito no CRM-TO 1314 e RQE-TO 568.
“A hemodiálise tem um papel crucial como terapia de emergência, que é retirar o metanol da corrente sanguínea, diminuindo a quantidade de ácido fórmico e o excesso de acidez (acidose metabólica), protegendo o nervo óptico e o cérebro contra danos irreversíveis. Ela é um complemento ao antídoto aplicado e agiliza o processo de melhora do paciente”, ressalta o médico.
O médico nefrologista, Dr. Antonio Amadeu, explica ainda que a hemodiálise funciona como um ‘rim artificial’. “Quando o paciente está conectado à máquina de diálise, o sangue passa por um filtro (dialisador) e é devolvido ao paciente. É nesse processo de limpeza do sangue que o metanol ainda não metabolizado, e o ácido fórmico são removidos, impedindo a formação de mais toxina”, detalha.
O uso da hemodiálise no manejo da intoxicação por metanol pelo consumo de bebidas alcoólicas adulteradas está previsto no fluxograma disponibilizado pelo Ministério da Saúde. A recomendação é que a hemodiálise seja utilizada, preferencialmente intermitentemente, quando a intoxicação for potencialmente grave. Além disso, o uso também é indicado para casos em que há convulsões, coma, disfunção renal, entre outros.
Metanol e o funcionamento renal
Dr. Antonio Amadeu comenta ainda que a intoxicação por metanol pode afetar o funcionamento renal. Isso pode, inclusive, levar o paciente a uma insuficiência renal. “O metanol que foi convertido no fígado em ácido fórmico bloqueia a cadeia respiratória nas células e estruturas funcionais do rim, gerando lesões renais agudas que podem progredir, em caso de exposição prolongada ao ácido fórmico, a uma doença renal crônica”, detalha o médico.
Saiba mais sobre a intoxicação por metanol
O metanol é um álcool usado em solventes e combustíveis e altamente tóxico. Apesar disso e contrariando a legislação vigente, ele foi utilizado na produção clandestina ou adulteração de bebidas alcoólicas. A suspeita é de que se trata de uma fraude para aumentar o volume ou baratear o custo.
O perigo do metanol reside em sua transformação pelo organismo em ácido fórmico, que causa acidose metabólica grave. Podendo resultar em sequelas que incluem perda súbita da visão ou cegueira (dano ao nervo óptico), insuficiência renal aguda, dor abdominal intensa, confusão mental e coma.
Os sintomas iniciais (náuseas, dor de cabeça) podem se assemelhar a uma ressaca comum, surgindo de 12 a 24 horas após a ingestão, o que frequentemente atrasa o tratamento.
“O tratamento da intoxicação por metanol é uma corrida contra o tempo. Seu sucesso depende de quão rápido o paciente chega ao hospital e inicia o protocolo para desintoxicação. Isso porque, a cegueira e as lesões cerebrais podem se instalar em poucas horas. Por isso é fundamental procurar ajuda médica o quanto antes”, reforça o médico nefrologista, Dr. Antonio Amadeu.
Sintomas mais comuns (12 a 24 horas após a ingestão)
- Visão turva repentina (pode evoluir para cegueira irreversível)
- Dor de cabeça intensa
- Confusão mental
- Convulsões em casos graves
- Náusea, vômito
- Dor abdominal
O que fazer?
- Procurar atendimento médico imediato em uma Unidade de Pronto-Atendimento ou Pronto-Socorro
- Informar o histórico de ingestão de bebida suspeita
Há mais de um mês, a intoxicação por metanol tem sido uma preocupação de saúde pública no Brasil, principalmente, por conta da adulteração de bebidas alcoólicas. Nesse período, segundo dados do Ministério da Saúde, divulgados em 29/10, foram confirmados 59 casos e 15 óbitos. Outros 44 casos estão em investigação.
Fonte: Agência Tocantins


