Pesquisa da SBPC/ML aponta que 72% de pacientes crônicos só descobriram a doença após aparecimento de sintomas

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Dados coletados sobre exames laboratoriais embasam a campanha #ImportantePrevenir
Uma pesquisa* encomendada pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), revela que 72% dos pacientes com doenças crônicas só descobriram o problema após o aparecimento de sintomas.
Segundo o presidente da SBPC/ML, Wilson Shcolnik, este dado alerta para o fato de que “quando o paciente apresenta sintomas é sinal de que a patologia já está instalada. Logo, a população não está realizando exames clínicos e laboratoriais básicos como forma de prevenção, mas sim de diagnóstico”, explica.
A pesquisa, realizada entre os dias 28 de março e 7 de abril deste ano, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, revela ainda que:
• 96% dos entrevistados consideram exames laboratoriais importantes para prevenção
• 48% dos pacientes crônicos acham que deveriam ter feito exame com mais antecedência para prevenir doença
• 40% dos pacientes crônicos acham que deveriam ter feito exames complementares para prevenir doença
Shcolnik lembra que os testes descartam ou confirmam hipóteses de diagnóstico, apontam para a necessidade de uma investigação mais detalhada, auxiliam os especialistas em ações que podem evitar a manifestação da doença ou mesmo diagnosticá-la de forma mais precoce, aumentando as chances de tratamento e cura. “A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estima que pacientes doentes custam 7 vezes mais do que um paciente saudável na mesma faixa etária e estudo da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) aponta que doenças que só possuem alterações laboratoriais, sem manifestar sintomas, têm chance de cura de 90%. Conclui-se que a realização de exames preventivos é menos onerosa ao sistema de assistência à saúde e mais benéfica ao paciente”, completa o presidente da SBPC/ML.
Overuse X underuse
Segundo o presidente da SBPC/ML, os depoimentos de diversas autoridades do setor que constantemente insinuam o desperdício de exames não apresentam evidências. “Os gastos em saúde no que tange à Medicina Laboratorial, segundo dados de literatura científica internacional, não ultrapassam 3% do total. Em contrapartida, a especialidade médica responde por apoio a 70% das decisões clínicas do país, influenciando desfechos e resultados econômicos da assistência à saúde”, reforça.
Sobre os números de procedimentos laboratoriais com resultado dentro da faixa de normalidade, classificados como desperdício por alguns gestores de saúde, Shcolnik afirma que “esses resultados, na verdade, devem ser comemorados, num momento em que se valoriza e estimula ações de prevenção e promoção de saúde”.
A pesquisa – encomendada pela SBPC/ML – também aponta o interesse da população em realizar cada vez mais exames, como forma de prevenção a doenças:
• Somente 17% dos pacientes acham que os médicos solicitam mais exames que o necessário
• Metade (ou 51%) dos doentes acreditam que poderiam ter procurado ajuda médica com mais antecedência para evitar a doença ou retardá-la
• 64% dos pacientes crônicos controlam a doença por meio de exames laboratoriais
• 95% acredita que os exames laboratoriais são úteis ou muito úteis para o tratamento e controle da doença
Campanha
Com os resultados obtidos na pesquisa e preocupada com a importância da realização de exames laboratoriais na prevenção de doenças, a SBPC/ML lança a campanha #ImportantePrevenir. O objetivo é alertar a população da importância dos exames laboratoriais no diagnóstico precoce e prevenção de diversas doenças.
Segundo o diretor de comunicação da SBPC/ML, Carlos Aita, o conceito do layout e design foram pensados como uma simbologia para englobar em uma única campanha de prevenção os mais variados tipos de doenças, agregando à lista de movimentos globais já consagrados como o outubro Rosa e novembro Azul. “Temos o compromisso de orientar especialistas para o uso racional e não recomendamos aos pacientes a ‘autoprescrição’ de exames”.
Para promover a campanha foram convidados formadores de opinião que tiveram sucesso em seu tratamento graças ao diagnóstico precoce, como é o caso do ator Reynaldo Gianecchini.
“Os exames laboratoriais não devem ter o mesmo rumo que as vacinas, que deixaram de ser ação preventiva e passaram a ser ação emergencial. Queremos contribuir para que o sistema de assistência à saúde esteja preparado para promover a prevenção e saúde da população e não só para tratar doenças”, completa Carlos Aita.
Ele lembra ainda que, desde o ano passado, a SBPC/ML aderiu ao Choosing Wisely, iniciativa criada pela American Board of Internal Medicine (ABIM), cujo objetivo é ampliar a percepção dos profissionais da saúde para a importância do uso adequado, consciente e sem excessos de recursos da área e vai ao encontro do conceito Less is more ou menos é mais. “Hoje a sociedade já tem uma lista de recomendações, condutas que não devem ser indiscriminadamente adotadas, fazendo com que os especialistas reflitam sobre os procedimentos da nossa atividade”, reforça o diretor.
Metodologia da pesquisa
* Foram realizadas 400 entrevistas com moradores da cidade do Rio de Janeiro e de São Paulo, maiores de 18 anos. Nesta população buscou-se ter uma maior participação de pessoas com pelo menos uma entre seis doenças crônicas: Cardiovasculares, Reumáticas, Renais, além de Diabetes, Tireoide, Câncer, (cerca de 83%) e outro grupo sem nenhuma dessas seis doenças (aproximadamente 17%).
Fonte: Terra – https://www.terra.com.br/noticias/dino/pesquisa-da-sbpcml-aponta-que-72-de-pacientes-cronicos-so-descobriram-a-doenca-apos-aparecimento-de-sintomas,43a52481aabb573fac43ea3f3967cee7pg16hsex.html – 06/06/2019