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Receptor de rim morre após transplante de órgão de doador infectado com raiva nos EUA

Segundo autoridades federais, apenas quatro doadores transmitiram raiva a receptores de transplantes de órgãos desde 1978

Um homem morreu de raiva após receber um transplante de rim de outro homem que faleceu da mesma doença. Este é apenas o quarto caso em quase 50 anos em que um doador de órgãos transmitiu o vírus para um receptor, disseram autoridades federais.

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças relataram na quinta-feira que um homem de Idaho estava em sua propriedade rural em outubro de 2024 quando um gambá se aproximou e o arranhou na canela.

Cerca de cinco semanas depois, o homem começou a ter alucinações, dificuldade para andar e engolir, além de rigidez na nuca, de acordo com o relatório do CDC.

Dois dias após o início dos sintomas, ele desmaiou, provavelmente vítima de um ataque cardíaco, segundo o relatório. O homem estava inconsciente e foi levado a um hospital, onde faleceu.

Vários de seus órgãos foram doados, incluindo o rim esquerdo.

Um homem de Michigan recebeu o rim doado. Cinco semanas após o transplante, ele começou a apresentar tremores, fraqueza, confusão mental e incontinência urinária, segundo o relatório.

Uma semana depois, ele foi hospitalizado com sintomas como febre, dificuldade para engolir e aversão à água, um sinal característico da raiva, segundo o relatório. Após uma semana no hospital, ele faleceu.

Os médicos que trataram o receptor do rim observaram que os sintomas do homem eram compatíveis com raiva.

O relatório afirma que doações de órgãos não são rotineiramente testadas para raiva “devido à sua raridade em humanos nos Estados Unidos e à complexidade dos testes diagnósticos”.

Os doadores são testados para HIV e diversas formas de hepatite, segundo a médica e diretora do departamento de doenças infecciosas em hospedeiros imunocomprometidos do Centro Médico do Hospital Infantil de Cincinnati, Lara Danziger-Isakov.

— Este é um evento excepcionalmente raro, no geral, o risco é excepcionalmente pequeno — destaca Danziger-Isakov, que também integra o conselho da Sociedade Americana de Transplantes, uma associação profissional para aqueles que trabalham com transplantes de órgãos.

O hospital onde a médica trabalha não esteve envolvido no transplante do rim infectado por raiva, segundo um representante do hospital. O relatório do CDC afirmou que a operação de transplante ocorreu em um hospital não identificado em Ohio.

Além disso, de acordo com o relatório, os médicos revisaram os registros do doador de rim e descobriram que a família do homem de Idaho havia informado os médicos sobre o arranhão de gambá quando seus órgãos estavam sendo doados.

Acredita-se que o gambá que o arranhou tenha contraído raiva de um morcego. Os exames revelaram que o receptor do órgão e o doador estavam com raiva do mesmo tipo que é encontrado em morcegos.

Antes do transplante, foram realizadas biópsias em ambos os rins do doador.

Após o receptor testar positivo, as biópsias foram reanalisadas. O tecido biopsiado do rim que não havia sido transplantado testou positivo para a doença.

Os médicos não conseguiram testar o tecido do rim que havia sido transplantado.

As córneas do homem de Idaho também foram doadas e enxertos oculares foram transplantados em três pessoas, consta no relatório.

Os enxertos dos três pacientes foram removidos e um deles testou positivo para raiva, afirmam os médicos. Nenhum dos três pacientes apresentava sintomas de raiva, mas estavam sendo tratados com medicamentos preventivos.

Desde 1978, quatro doadores de órgãos transmitiram raiva para 13 receptores. Dos 13 receptores, seis que receberam tratamento contra a raiva sobreviveram. Os outros sete, que não receberam tratamento, morreram.

Menos de 10 mortes humanas são atribuídas à raiva a cada ano nos Estados Unidos, de acordo com o CDC. Mais de 3.500 animais testam positivo para o vírus anualmente.

Em 2024, um recorde de 48.149 transplantes de órgãos foram realizados, segundo a Rede de Obtenção e Transplante de Órgãos, da Rede Unida para Compartilhamento de Órgãos. Os órgãos vieram de um total de 24.018 doadores, vivos e falecidos.

Fonte: O Globo Saúde

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