Mulher com rins paralisados engravida e sua história vira estudo em congresso

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A cabeleireira aposentada Elaine Cristina de Andrade desafiou seu próprio quadro clínico de diabetes mellitus, hipertensão arterial, obesidade e insuficiência renal crônica (quando os rins perdem a função) dando à luz uma menina enquanto se submetia à hemodiálise. Embora o tratamento e a gestação não tenham sido fáceis, ela e a pequena Mariana, prestes a completar um ano de vida, superaram as adversidades e hoje passam bem. Seu caso é raro e será, inclusive, discutido no Congresso Paulista de Nefrologia, que ocorrerá nesta semana, entre 30 de setembro e 3 de outubro, em Atibaia. “Quando a Mariana nasceu, não pude nem ver minha filha porque ela foi direto para a UTI”, relembra Elaine.

Para que a gestação fosse adiante, a paciente precisou ser acompanhada por um corpo clínico de multiprofissionais da Clínica Nefrológica de Franca e do Hospital Regional composto por nefrologista, ginecologista, endocrinologista, nutricionista, enfermagem e psicóloga. A força tarefa foi necessária porque, de acordo com a gestora assistencial da Clínica Nefrológica, Kamila Jardini Pedrosa, pacientes com casos como o de Elaine não deveriam engravidar. “Pacientes renais crônicos são aqueles cujos rins param de funcionar e isso causa uma série de desarranjos na parte hormonal, tornando mais difícil a reprodução”, disse a gestora.
Segundo ela, esses pacientes são, inclusive, orientados quanto ao planejamento familiar porque há uma grande dificuldade em levar a gravidez adiante. “Sem o trabalho dos rins, o funcionamento do corpo fica prejudicado tanto na produção de vitamina D quanto na questão óssea, produção de enzimas e glóbulos vermelhos, além de quadros de anemia e outras questões que interferem em uma gestação”.
A gravidez de Elaine, no entanto, não foi planejada. Ela conta que tomava 26 comprimidos diariamente – entre eles anticoncepcionais. A paciente não sabe se esqueceu de tomar o contraceptivo ou se o efeito foi anulado pelo número de medicamentos que precisava consumidor. Elaine disse que não tinha intenção de ter um segundo filho pois sua primeira gravidez, 9 anos atrás, já havia sido complicada. “Quando tive o Rafael, já possuía diabetes e foi difícil. Tive começo de eclampsia (problemas de pressão) e meu bebê nasceu aos sete meses. Desde essa época, quando eu ainda nem fazia a hemodiálise, a recomendação é para que eu não tivesse filhos”.
Por este motivo, seu mal-estar não foi interpretado prontamente como gravidez, no início. Quando o diagnóstico veio, Elaine diz ter sido invadida por sentimentos de medo e felicidade. “Eu fazia diálise peritoneal em casa. Isso quer dizer que, à noite, ligava uma máquina em meu abdômen (através de catéter implantado) para fazer o tratamento. Tive que mudá-lo por causa da gravidez, que faria minha barriga aumentar”, afirmou. “Mas eu tive muito apoio da minha família, principalmente dos meus pais e entreguei nas mãos de Deus. Mariana e os médicos da Clínica e do Hospital Regional foram bênçãos na minha vida.”
O nascimento
Ao constatar a gravidez, Elaine passou a frequentar a Clínica e o Hospital Regional de segunda a sábado, cerca de quatro horas por dia, para passar por hemodiálise e acompanhar a gestação. Com 28 semanas, o diabetes se alterou e ela precisou ser internada dando à luz um dia depois, em 7 de outubro do ano passado. “Quando a Mariana nasceu, o doutor Ulisses, pediatra, teve que fazer massagem cardíaca porque ela não respirava e estava com os batimentos fracos”. Elaine também seguiu para a UTI, mas logo foi liberada para o quarto.
“Quando fui ver minha filha, ela estava lá… tão linda, tão pequenininha (chora). A médica me informou que seria muito difícil ela sobreviver. Ela já tinha dado duas convulsões”. Mariana ficou 40 dias internada e passou por uma séria cirurgia de retinoplastia, perdendo 30% da visão de um olho. “Graças à santa Filomena, minha filha saiu de lá, melhorou, cresceu e hoje está aí: linda!”, disse Elaine, emocionada.
Fonte: GCN.NET – 29/09/2015 

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