Governo lança política para incentivar doação de órgãos

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Há seis anos e seis meses, a aposentada Marinize de Jesus, 54, está na fila de espera para transplante de rim na Bahia. Durante esse período, ela realiza hemodiálise três vezes por semana e vive de maneira limitada.
"Quero voltar à vida normal. Você não pode beber muita água, não pode comer tudo, tem que usar o Renagel (medicamento para quem tem doença renal) e ter cuidado para os exames não alterarem", relata.

Marinize é uma das cerca de 500 pessoas à espera de transplante de rim no estado. Entre todos os órgãos, são 2.278 pessoas na fila, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab).
No entanto, conforme Eraldo Moura, coordenador do Sistema Estadual de Transplante, a fila deveria ter pelo menos quatro mil pessoas. Segundo ele, há casos de doenças que podem ser tratadas com esse tipo de procedimento, mas são direcionados a outros serviços.
Os números colocam a Bahia na penúltima posição entre os estados em relação à transplante de rim e na última referente a fígado. Para mudar este quadro, considerado preocupante, o governador Rui Costa lançou nesta terça-feira, 22, a Política Estadual de Incentivo à Doação de Órgãos, Tecidos e Transplantes, que tem por meta aumentar em 50% o número de procedimentos no estado no primeiro ano.
No ano passado, foram feitos 516 transplantes no total, sendo 332 de córnea. Segundo o titular da Sesab, Fábio Vilas-Boas, outro objetivo é reativar o serviço de transplantes de coração, inoperante desde 2009.
Outras metas são triplicar a doação e o transplante de córnea com o objetivo de zerar a fila de espera (com cerca de 1,2 mil pessoas) e dobrar a doação de órgãos sólidos, ambas no primeiro ano. Além disso, estão previstas campanhas de incentivo à doação (leia mais ao lado).
Com a iniciativa, Marinize espera conseguir um rim. "Nesses seis anos, tentei nove vezes, mas nenhum dos órgãos foi compatível. Peço às pessoas que doem, não só por mim, mas todos que estamos na angústia da espera", afirma.
Investimento
O estado pretende investir R$ 10 milhões, por ano, para alavancar desde a doação, passando pela captação, chegando até a fase de acompanhamento antes e depois dos transplantes para os pacientes – os quatro pilares do plano estadual.
Entre os principais investimentos está o incentivo financeiro às equipes médicas e hospitais. "Vamos dobrar o recurso financeiro que hoje é pago pelo Ministério da Saúde e prover os recursos necessários para que não faltem exames e medicamentos", ressalta Vilas-Boas.
Isso se justifica porque hospitais alegam que não lucram ou têm prejuízo com os transplantes. "Não haverá razão para um hospital ou médico dizer que não faz um transplante por falta de medicamento ou algum tipo de suporte", frisou o secretário.
Para o transplante de rim, cinco unidades de saúde estão autorizadas a realizar cirurgias na Bahia. Uma deles é o Hospital Ana Nery, que pode fazer também operações de coração e pulmão. Outros 21 estão credenciados para procedimentos de córnea.
O secretário Vilas-Boas informou, ainda, que a política vai permitir, além da melhor qualidade de vida para os transplantados, redução de custos. Com hemodiálise, por exemplo, o custo é de R$ 26,4 milhões por ano. Além disso, o estado gasta R$ 10 milhões com o tratamento fora de domicílio (TFD), que funciona encaminhando os baianos para outros estados, em que 80% do total de custos é com transplantes.
"Estamos apostando nessa iniciativa. Primeiro porque daremos qualidade de vida a milhares de pessoas. Vamos reduzir o custo de tratamentos, com o transplante", disse Rui Costa.
"Queremos expandir a estrutura transplantadora cada vez mais e, além da rede pública, vamos incentivar a realização de parcerias com a rede privada para quem queira disponibilizar sua estrutura para esses procedimentos", complementou.
Fonte: A Tarde – 23/09/2015

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