Com dificuldades financeiras, por ainda não ter recebido os repasses da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) referentes aos meses de maio e junho, o Centro de Nefrologia de Natal (CNN), na Cidade da Esperança, está impossibilitado de dar continuidade ao tratamento dos 120 pacientes renais crônicos que fazem hemodiálise lá através do Sistema Único de Saúde (SUS).
O débito, segundo Jessicleide Dantas, responsável na clínica pelo faturamento SUS, é de R$ 680 mil. Caso a Secretaria Estadual de Saúde Pública não regularize o pagamento até esta sexta-feira (21), o Centro de Nefrologia de Natal encaminhará os pacientes, a partir da próxima segunda (24), ao setor de regulação da Sesap para realocação temporária em outras clínicas que prestem o serviço de nefrologia na cidade.
“Fizemos o possível para manter o atendimento, pois estamos falando de pacientes crônicos renais, e a suspensão do tratamento pode levá-los a óbito”, disse a assistente social da clínica, Gisele Barreto, acrescentando que foi preciso denunciar a situação ao Ministério Público do Estado para que a Sesap começasse a se mobilizar e dar andamento ao trâmite, “emperrado por causa da excessiva burocracia”.
Gisele Barreto e Jessicleide Dantas Antes contam que, antes de ir ao MP, tentaram mais de uma vez conseguir uma reunião com os gestores da Sesap. Sem sucesso, a clínica enviou correspondência aos pacientes, explicando a situação e dizendo que procurassem a regulação da Sesap.
O secretário adjunto da Secretaria de Saúde, Haroldo Vale, os recebeu no auditório da Sesap e explicou que houve um problema no repasse do recurso, mas que o processo já está na Assessoria Jurídica do órgão, de onde será enviado à Controladoria Geral do Estado (Control) para autorização do repasse. “Quando o processo voltar para a Sesap, hoje à tarde ou amanhã, procederemos o pagamento”, disse o secretário adjunto.
Haroldo Vale esclareceu ainda que há um trâmite burocrático necessário para o pagamento dos prestadores de serviço. “Depois que o serviço é realizado, a clínica tem 30 dias para enviar a documentação para processamento e auditoria, e após 15 a 20 dias é feito o pagamento”.
Além dos repasses referentes a maio e junho, Jessicleide Dantas reclama de um corte de R$ 105 mil em abril. Segundo ela, o contrato mensal é de R$ 247.767,60, mas, por conta do atendimento de pacientes além do teto naquele mês, a fatura encaminhada à Sesap foi de R$ 285.328,84. Em maio, o valor foi R$ 286 mil e em junho, R$ 289 mil.
Diante do corte financeiro, o Centro de Nefrologia de Natal, na Cidade da Esperança, foi obrigado, segundo a responsável pelo faturamento SUS, a transferir 17 pacientes para a clínica do Tirol pertencente ao mesmo grupo. Embora o padrão de atendimento seja o mesmo, os transferidos acabam sendo prejudicados por causa do deslocamento.
“Como a maioria mora na zona Oeste, ficava mais próximo e cômodo fazer a hemodiálise aqui. Eles vêm três vezes por semana, lembrando que a pessoa sai muito debilitada após a sessão”, diz a assistente social Gisele Barreto.
Por ter começado a fazer hemodiálise na clínica em fevereiro deste ano, o consultor imobiliário Mário Tadeu de Oliveira e Silva, 52, foi um dos que precisaram ser transferidos para a unidade do Tirol.
“A outra clínica tem o mesmo padrão, com profissionais competentes e atendimento humanizado, até porque são quatro horas terríveis de sessão. A pessoa sai massacrada, se sentindo mal. Com um deslocamento maior, é muito mais complicado”, diz Tadeu, que do bairro Planalto, onde mora, levava dez minutos de carro até o Centro de Nefrologia da Cidade da Esperança.
Fonte: Tribuna do Norte – 21//08/2014
