Pacientes renais temem perder assistência

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Mesmo com fim de contrato, Secretaria de Saúde tranquiliza: "Não correm risco"
Ao todo, 499 pacientes renais crônicos da rede pública de saúde dependem da diálise peritonial para sobreviver. Destes, 366 lutam contra a doença diariamente em função do grande número de contratos emergenciais entre a Secretaria de Saúde do Distrito Federal e a empresa que fornece os materiais necessários para o tratamento, conforme admite o órgão.
No total, chegaram a ser realizados cinco acordos dessa natureza, de três meses cada, durante pouco mais de um ano, para garantir que o serviço, considerado excepcional devido à gravidade do problema, não fosse cortado. Porém, a última renovação venceu na última segunda-feira, fato que preocupa as famílias no próximo mês. Os demais pacientes são atendidos pela clínica Renal Care.

Por outro lado, o subsecretário de Atenção à Saúde, José Tadeu Palmieri, garante que os pacientes renais não correm risco. Ele explica que, diante da situação, a pasta conta com três possíveis soluções: prorrogação do contrato atual por mais três meses; um contrato definitivo que já está em andamento, mas que não deve sair antes do prazo de 30 dias; ou manter o fornecimento por verba indenizatória.
"Será acatada a decisão que sair primeiro. Asseguramos que os pacientes receberão o tratamento normalmente em abril, como está acontecendo neste mês. Como o contrato definitivo ainda deve demorar e não queremos renovar mais um emergencial, a probabilidade de a Baxter permanecer com os serviços, mesmo sem contrato, é grande", comentou o subsecretario, informando ainda que o governo mantém dívida de R$ 1,6 milhões com a Baxter.
Impasse é recorrente
Entretanto, um dos funcionários da empresa conta que, em 2003, o mesmo aconteceu e a instituição continuou fornecendo os materiais para as famílias, mas o GDF não pagou. "A nossa preocupação é com os pacientes, que não podem ficar sem o tratamento. Estamos procurando o GDF há muito tempo para avisar sobre o término do contrato. Em 2003, não existia a opção de verba indenizatória", declara.
Ele afirma que são distribuídas 120 bolsas de diálise, além das máquinas que completam o processo. O funcionário explica ainda que, segundo estudos, uma semana sem o tratamento já é suficiente para elevar a probabilidade de morte devido ao excesso de toxinas no corpo e, consequentemente, uma possível infecção generalizada. "A diálise peritonial é semelhante à hemodiálise, a única diferença é que ela é feita na própria residência. O tratamento é necessário quando os rins não funcionam mais, portanto, as bolsas, que são ligadas a um cateter implantado na região abdominal, são responsáveis por filtrar os rins. Esses pacientes não conseguem urinar, logo não eliminam as toxinas do órgão, por isso a necessidade do processo todos os dias", acrescenta.
Vivendo com o problema
Paciente renal crônico há três anos, o comerciante Nivaldo de Almeida Barbosa, 68 anos, que é atendido pela clínica Renal Care e, portanto, não corre risco de ficar sem o tratamento, conta que recebe mensalmente 60 bolsas de diálise, 30 cateteres, 30 mangueiras e 30 cassetes, tudo descartável, além da máquina que já fica na casa dele. "Há 14 anos que tenho problema nos rins, mas como é uma doença silenciosa, apenas há três anos descobri que eles estavam falhando, após um exame de sangue", conta.
O comerciante explica que o tratamento não é dolorido, mas que a higiene pessoal é fundamental para evitar infecções. "Toda noite, das 20h até as 6h, fico preso na cama, essa é a parte ruim. O tratamento é vital, o paciente depende dele para sobreviver. A máquina é responsável por eliminar as toxinas do meu corpo", completa.
Fonte: Jornal de Brasília – 18/03/2015 

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