Mogi e Suzano têm 279 pacientes na fila de espera por um rim, diz médico

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Os dados são do Instituto de Nefrologia de Mogi das Cruzes. 90% dos pacientes que precisam de órgão no Brasil esperam por rim.
Suzano e Mogi das Cruzes (SP) têm 551 pacientes com problemas renais que fazem tratamento de diálise no Instituto de Nefrologia dos dois municípios. Deste total, 279 aguardam na fila de espera por um transplante de rim, conforme informou o médico Rui Alberto Gomes, que é um dos coordenadores do instituto.

A alta demanda a espera do órgão é uma realidade que afeta não só as cidades da região, mas também o Brasil. Nesta sexta-feira (27) é comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos.
Dois dias antes da data ser comemorada, o Ministério da Saúde informou que o número de transplantes de órgãos realizados no Brasil diminuiu 6% no primeiro semestre de 2013 comparado com o mesmo período de 2012. Ao todo, foram realizados 11.569 procedimentos no primeiro semestre deste ano e 12.342 no ano passado. Os dados são relativos a 95% dos transplantes realizados no país, que ficam a cargo do Sistema Único de Saúde (SUS).
Dois dias antes da data ser comemorada, o Ministério da Saúde informou que o número de transplantes de órgãos realizados no Brasil diminuiu 6% no primeiro semestre de 2013 comparado com o mesmo período de 2012. Ao todo, foram realizados 11.569 procedimentos no primeiro semestre deste ano e 12.342 no ano passado. Os dados são relativos a 95% dos transplantes realizados no país, que ficam a cargo do Sistema Único de Saúde (SUS).
Além disso, levando em conta doações de rim, um estudo da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) diz que 90% dos pacientes que aguardam na fila por algum órgão precisam de um transplante de rim. "As pessoas adoecem muito por problemas renais. Temos muitos diabéticos e hipertensos e essas doenças causam problemas renais. Obesidade e o envelhecimento populacional também faz aumentar o número de pessoas com problemas renais. Além disso, o número de doadores ainda é baixo", explica o médico.
Gomes explica que não há rim para todos os doentes que precisam de transplante. "Falta rim. Existe uma estatística que diz que 50 pessoas para cada 100 mil tem problemas renais. Cerca de 10% da população do Brasil têm algum tipo de doença no rim. O número de transplantes não acompanha", detalha.
São Paulo é o estado brasileiro com o maior número de potenciais doadores de órgãos: 1.152. Porém, a fila de espera paulista é nove vezes maior do que a quantidade de possíveis doadores: 10.229. Em todo o País, a situação também é grave: 4.222 potenciais doadores para 22.187 pessoas ativas na fila de espera até junho deste ano, cinco vezes mais gente aguardando um órgão do que doando.
Segundo o relatório da ABTO, no Brasil foram feitos 3.799 transplantes de diversos órgãos, a maior parte vinda de doador falecido (3.074), nos seis primeiros meses deste ano. A maioria dos doadores é homem (63%), tem entre 18 e 64 anos e tipos sanguíneos O ou A. Em Mogi e Suzano, até o momento, só 413 pacientes das unidades conseguiram ser transplantados em dez anos.
O médico explica que a doação de rim entre seres vivos precisa obedecer uma regra importante. "Eles precisam ser aparentados em até 4º grau. Ou marido e esposa", detalha. Gomes diz ainda que um doador de rim consegue levar uma vida normal com apenas um órgão. "O doador precisa ter mais 20 anos e ter uma saúde boa. Uma vida equilibrada. Depois, ele consegue viver normalmente com um órgão. O único rim dele ficará um pouco maior para suprir a falta do outro e a pessoa viverá normalmente", afirma o médico.
Rim do irmão
Pela primeira vez em 13 anos, o feirante Márcio José da Cunha, de 36, que espera durante esse tempo por um transplante de rim, começa a sonhar com uma possível mudança de vida com um novo órgão. Isso porque um de seus 4 irmãos poderá se tornar um doador. "Era um sábado no mês de março. Meu irmão reuniu a família e disse que estava disposto a doar um de seus rins para mim", detalha o feirante.
Ele sofre de insuficiência renal desde 2001. Nessa época, segundo ele, todos os irmãos fizeram exames e, somente um deles, foi compatível. "O problema é que ele era muito novo na época. Tinha 18 anos. O tempo passou e eu comecei a fazer hemodiálise. Agora, neste ano, recebi essa maravilhosa notícia", comemora. Se tudo der certo, o transplante de Cunha será realizado no mês de outubro. "Está tudo encaminhado. Temos mais uma consulta e depois já vamos marcar a cirurgia", explica.
De escanteio
Em abril de 2007, a aposentada Rosangela Fidalgo Sponda, de 48 anos, entrou na fila a espera de um transplante de rim. Seis anos se passaram e ela não ainda não foi chamada pelo Hospital do Rim, em São Paulo. Ela aguarda a ligação ansiosamente, mas se o telefone tocar hoje, dona Rosangela ainda terá de esperar. "Por conta do medicamento que eu tomo, acabei desenvolvendo um aneurísma cerebral. Estou meio de escanteio na fila. Primeiro preciso tratar esse problema para esperar a ligação e receber o rim", explica Sponda.
Mesmo com mais esse obstáculo, dona Rosangela, aparentemente, não se deixa abater. Sorridente, voz firme e de bom humor, a aposentada diz ter certeza que vencerá mais essa batalha. "Vai dar tudo certo".
Os problemas renais começaram ainda na década de 90. Os anos passaram e os ógãos foram parando de funcionar por conta de cistos. Ela não tem filhos e mora com a mãe em um apartamento em Mogi das Cruzes. Faz hemodiálise dia sim dia não, às 6h. Cada sessão dura quatro horas. "Prefiro ir bem cedinho para depois ter o dia inteiro livre", finaliza.
Fonte: G1 – 30/09/2013 

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