Mulher que recebeu transplante de rim de porco deixa de fazer diálise

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Towana Looney, 53 anos, recebeu um rim de porco geneticamente modificado em novembro, após quase 8 anos na fila de transplante dos EUA

Uma mulher de 53 anos do estado do Alabama, nos Estados Unidos, pôde parar de fazer diálise depois de passar por um transplante de rim de porco geneticamente modificado em novembro. O sucesso do procedimento foi divulgado nesta terça-feira (17/12) pelos cirurgiões do NYU Langone Health.

É a terceira vez que um rim de um porco geneticamente modificado é transplantado para um paciente humano vivo. O processo é conhecido como xenotransplante. Towana Looney, a paciente, é a primeira a receber um órgão suíno com 10 edições genéticas e atualmente é a única pessoa no mundo vivendo com um órgão de porco.

O sucesso da cirurgia é visto como um importante avanço nos esforços para diminuir as filas dos transplantes de órgãos. “O transplante é uma das poucas terapias que podem curar uma doença complexa da noite para o dia, mas há poucos órgãos para fornecer uma cura para todos os necessitados. A sensação de que agora podemos ter uma solução para a crise de escassez de órgãos para outros que definham em uma lista de espera evoca o mais bem-vindo dos sentimentos: pura alegria!”, afirma a cirurgiã de transplante Jayme Locke, que acompanhava Towana antes do procedimento.

De acordo com os médicos, a saúde geral de Towana já é melhor do que antes da cirurgia. “É uma bênção. Sinto que ganhei outra chance na vida. Mal posso esperar para poder viajar novamente e passar mais tempo de qualidade com minha família e netos”, conta a paciente em comunicado à imprensa.

Towana doou um de seus rins para a mãe em 1999. Anos depois, a norte-americana acabou desenvolvendo insuficiência renal após sofrer complicações durante a gravidez que desencadearam hipertensão. Os médicos destacam que menos de 1% dos doadores vivos de órgãos desenvolvem insuficiência renal no futuro, mas aqueles que precisam de um transplante recebem maior prioridade na lista de espera.

A mulher iniciou o tratamento de diálise em 2016 para remover o excesso de fluido e resíduos da corrente sanguínea, e entrou na fila para o transplante do órgão no início do ano seguinte. A espera de Towana durou sete anos pela dificuldade em encontrar um doador compatível.

A paciente tinha níveis de anticorpos nocivos anormalmente altos, o que aumentava significativamente as chances de rejeição ao órgão de um doador. “Ela permaneceu na lista de espera de transplante por quase oito anos enquanto perdia lentamente os vasos sanguíneos acessíveis para dar suporte à diálise”, afirmam os médicos no comunicado.

A dificuldade em encontrar um doador compatível, junto com o agravamento do caso pelos anos consecutivos de diálise, colocaram Towana como uma potencial candidata a receber um rim de porco com 10 edições genéticas autorizado pelo programa de acesso expandido da agência Food and Drug Administration (FDA), equivalente à Anvisa.

O programa permite que produtos médicos experimentais sejam usados fora de ensaios clínicos quando um paciente tem uma condição de risco de vida.

Órgão geneticamente modificado em transplante

As 10 edições genéticas do órgão transplantado incluíram a remoção de três antígenos imunogênicos (Gal, Sda e Neu5Gc) e um receptor de hormônio de crescimento suíno. Junto a isso, seis transgenes humanos foram adicionados para tornar o rim do porco mais compatível com a paciente e reduzir a probabilidade de rejeição.

Towana recebeu alta do hospital em 6 de dezembro, 11 dias após o procedimento. Ela permanece no estado de Nova York, onde vai a consultas médicas periodicamente e tem a saúde monitorada por um dispositivo vestível que registra a frequência cardíaca, pressão arterial e atividade física. A expectativa dos médicos é de que a mulher possa voltar para casa, no Alabama, em três meses.

“Towana é uma inspiração. Sua jornada para conseguir um transplante de rim que sustente a vida foi longa e cheia de inúmeros obstáculos, mas ela não vacilou. Ver a esperança restaurada para um futuro que por tanto tempo esteve fora de alcance para ela, sua família e comunidade, é nada menos que milagroso”, ressalta a cirurgiã Jayme.

Fonte: Portal Metrópoles