Nefrologista explica gravidade de infecção que causou a internação de Preta Gil

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Preta Gil foi internada com pielonefrite, mas já está em casa - Reprodução/Instagram

Em entrevista à CARAS Brasil, o nefrologista André Pimentel detalha o problema enfrentado por Preta Gil e revela que ele atinge mais as mulheres

A cantora Preta Gil (49) usou as redes sociais nesta semana para revelar que foi internada com uma infecção no rim. Em entrevista à CARAS Brasil, o médico nefrologista André Pimentel detalha o problema e revela que ele atinge mais as mulheres.

“A pielonefrite é uma infecção provocada pela presença de bactérias nos rins. Essas bactérias podem chegar aos rins pelo sangue, mas o mais comum, sobretudo nas mulheres, é a entrada pelo canal urinário chamado uretra. Dali, elas vão à bexiga, passam pelo ureter e atingem os rins”, diz.

De acordo com o especialista, bactérias que vivem normalmente no intestino, como a escherichia coli, quando chegam a outros órgãos, podem provocar problemas. “Por isso, é fundamental que haja higiene com água e sabonete todas as vezes que as pessoas evacuam e também, após a relação sexual”.

Diferentemente da uretra masculina, a feminina é um tubo curto, de até 5 centímetros de comprimento. Por isso, esse cuidado é ainda mais importante para as mulheres, pois a entrada da bactéria na uretra e sua chegada à bexiga é mais fácil.

“Outra recomendação importante é sempre fazer a limpeza com papel ou jato de água da frente para trás e nunca ao contrário, para evitar o risco de as bactérias chegarem mais perto da vulva, onde estão localizadas as entradas da uretra e da vagina. Quando entram pela vagina, essas bactérias provocam as vaginoses, que também são infecções”, salienta Pimentel.

Segundo o nefrologista, no geral, os sintomas típicos da pielonefrite são febre, mal-estar, calafrios, náuseas, vômitos, dor na região lombar, dor nas costas, dor pélvica, dor abdominal, urgência para urinar, vontade de urinar com frequência, urina com odor forte, dor durante a micção e presença de pus ou sangue na urina.

“Mas normalmente, os sintomas de uma infecção no trato urinário são mais leves no início e uma atitude muito comum entre as pessoas que estão com alguns dos sintomas típicos de infecção urinária, como dores na bexiga, ardência ao urinar e urgência em eliminar a urina, mas saindo apenas em gotas, é tomar apenas o analgésico para trato urinário, vendido sem receitas na farmácia”, destaca.

“O grande problema é que o analgésico é feito apenas para aliviar a dor, enquanto o paciente faz uso do medicamento que realmente elimina a causa da infecção, que é o antibiótico. Ao tomar o remédio para dor, mascara-se a infecção em curso. E a pielonefrite, se não for tratada a tempo, pode evoluir para um quadro de infecção generalizada, a chamada sepse, que pode levar à morte”, emenda Pimentel.

Ainda de acordo com o especialista, a pielonefrite não tratada pode também prejudicar os rins de forma que provoque uma doença renal aguda ou crônica, ou seja, os rins ficam tão lesionados que terminam por não conseguirem mais exercer suas principais funções de filtrar o sangue e eliminar líquidos em excesso. “Quando os rins perdem cerca de 80% da capacidade de funcionamento, o tratamento dos pacientes é a diálise, ou seja, o uso de uma máquina que substitui o trabalho do rim”, fala.

“Quando essas lesões duram até três meses e passam, chamamos de lesão renal aguda, e são tratadas no hospital. Mas quando duram mais de três meses, temos a lesão renal crônica e são tratadas em clínicas especializadas. E alguns podem mais adiante buscar o transplante de rim. Já quando o acometimento é em menor proporção, normalmente são utilizados medicamentos e dietas específicas. Quanto mais velhas as pessoas ficam, maiores as chances da doença renal crônica”, completa.

“O grande problema é que o analgésico é feito apenas para aliviar a dor, enquanto o paciente faz uso do medicamento que realmente elimina a causa da infecção, que é o antibiótico. Ao tomar o remédio para dor, mascara-se a infecção em curso. E a pielonefrite, se não for tratada a tempo, pode evoluir para um quadro de infecção generalizada, a chamada sepse, que pode levar à morte”, emenda Pimentel.

Ainda de acordo com o especialista, a pielonefrite não tratada pode também prejudicar os rins de forma que provoque uma doença renal aguda ou crônica, ou seja, os rins ficam tão lesionados que terminam por não conseguirem mais exercer suas principais funções de filtrar o sangue e eliminar líquidos em excesso. “Quando os rins perdem cerca de 80% da capacidade de funcionamento, o tratamento dos pacientes é a diálise, ou seja, o uso de uma máquina que substitui o trabalho do rim”, fala.

“Quando essas lesões duram até três meses e passam, chamamos de lesão renal aguda, e são tratadas no hospital. Mas quando duram mais de três meses, temos a lesão renal crônica e são tratadas em clínicas especializadas. E alguns podem mais adiante buscar o transplante de rim. Já quando o acometimento é em menor proporção, normalmente são utilizados medicamentos e dietas específicas. Quanto mais velhas as pessoas ficam, maiores as chances da doença renal crônica”, completa.

Pessoas portadoras e diabetes e hipertensão devem ser ainda mais cuidadosas com seus rins, ressalta Pimentel. “Pois nelas, as doenças renais são mais frequentes. Por isso, os cuidados com a higiene, além da dieta saudável, com boa ingestão de água, consumo de alimento com menor teor de sal e menos gorduras, além do cuidado com relação ao uso de medicamentos que podem ser prejudiciais aos rins, são tão importantes”, informa.

Existem ainda outros fatores de risco para os rins e que podem levar à pielonefrite, que são a presença de cálculos renais, refluxo de urina, gravidez, cateterização do trato urinário ou stents, doença da próstata, como a hiperplasia prostática benigna, rim policístico, rim em ferradura, ureterocele, bexiga neuropática, danos na medula espinhal, espinha bífida ou esclerose múltipla, incontinência urinária e tumores.“Além da diabetes, portadores de HIV e pessoas que fizeram quimioterapia também possuem maior chance de desenvolverem a doença”, pontua o médico.

DIAGNÓSTICO

Além do exame de urina de rotina, o médico também deve solicitar urocultura e antibiograma, dois exames realizados na urina para identificar a bactéria responsável pelo problema e o antibiótico capaz de eliminá-la. “O médico deve solicitar também exames de sangue para avaliar o uso de antibióticos endovenosos. Também podem ser requisitados exames de imagem para avaliar o trato urinário”, fala Pimentel.

“Além da higiene íntima adequada, recomendamos também evitar o uso de desodorantes íntimos, que podem provocar irritações, e microfissuras na pele, aumentando o risco de infecções. Além disso, é importante evitar o uso por muitas horas de roupas íntimas de material sintético, que abafam a região íntima, criando um ambiente propício para a proliferação de bactérias. As calças de tecido muito grosso e muito apertadas também esquentam muito a região. Ao menos o forro da calcinha deve ser de algodão”, destaca o médico.

“A nossa principal dica é que um médico seja sempre procurado quando existe uma dor acentuada, uma febre duradoura ou mesmo uma dor mais amena junto à febre. São grandes indicativos da infecção bacteriana e pedem um exame de sangue urgente para que os médicos verifiquem a presença da infecção”, finaliza.

André Pimentel – Médico nefrologista; Diretor técnico da Associação Brasileira de Centros de Diálise e Transplantes (ABCDT); Professor Adjunto da Faculdade de Medicina de Barbacena – (MG). CRM 20224/MG.

Fonte: Caras Uol