Movimento busca cofinanciamento do Estado para tratamento de pacientes com doença renal crônica

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Segunda, 29 de abril de 2024

O cenário da doença renal crônica no Brasil e no Paraná foi tema, nesta segunda-feira (29), de reunião promovida pela Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante – Regional Paraná (ABCDT-PR), com a participação de nefrologistas de Curitiba e outros municípios do Estado.

O objetivo do encontro, ocorrido na Associação Médica do Paraná, com a presença do vice-presidente da AMP, Dr. Luiz Antônio Munhoz da Cunha, e da coordenadora de Defesa Profissional, Dra. Viviana Lemke, foi o de fortalecer o movimento em busca do cofinanciamento, pelo Estado, das ações e serviços de Terapia Renal Substitutiva (TRS) aos pacientes com insuficiência renal crônica, uma ação conjunta com a Sociedade Paranaense de Nefrologia (SPN).

De acordo com o Dr. Ricardo Akel, vice-presidente da ABCDT-PR e superintendente do Grupo Instituto do Rim do Paraná, a doença renal crônica está em processo de expansão. Contrariamente, porém, as redes de serviços de diálise têm se mantido inertes e em retração em várias regiões do Brasil, gerando crise assistencial de demandas reprimidas e falta de vagas.

Dados de 2023 da Sociedade Brasileira de Nefrologia apontam que a doença renal crônica acomete entre 700 e 900 pessoas em cada 1 milhão de habitantes. No Brasil, a prevalência média é de 771, onde há mais de 157 mil pacientes em tratamento dialítico, em 886 serviços de diálise, cujo custo é coberto em 76% pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

No Paraná, que se aproxima de 12 milhões de habitantes, são 8.647 doentes renais crônicos fazendo diálise, sendo cerca de 7 mil custeados pelo SUS e 1,6 mil por planos de saúde. Estima-se, entretando que, além destes, aproximadamente 1,2 mil pessoas possuem alguma forma de doença renal, sem diagnóstico ou tratamento preventivo, caminhando para o agravamento de sua condição. A projeção para os próximos dez anos, em nível nacional, é de um aumento de 10% a cada ano ou dois.

O Dr. Ricardo Akel explicou que a insuficiência da rede assistencial frente à crescente incidência é resultante da falta de investimento em serviços públicos, em dimensão e produtividade necessárias, além da decadência da remuneração pelo Ministério da Saúde aos serviços contratados. E alertou para a gravidade da situação, informando que, apesar da rede de serviços ser bem distribuída e de qualidade no Paraná, a crise de demandas reprimidas e carência de vagas para diálise, já existente em muitas regiões do País, está chegando ao Estado.

Por isso, são fundamentais as ações de fortalecimento da promoção da saúde renal e prevenção contra a doença dos rins, entre outras, e o cofinanciamento da Terapia Renal Substitutiva, para proporcionar a recuperação do valor dos procedimentos, a manutenção, qualificação e expansão da linha de cuidados e a autossuficiência e inovação com foco na TRS.

Alguns Estados já iniciaram, a partir de 2021, o cofinanciamento. São eles: Rio de Janeiro, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Bahia, Amazonas, São Paulo, além do Distrito Federal.
A ABCDT-PR levará as reivindicações ao secretário da Saúde do Paraná, Beto Preto, e, nesta terça-feira (30), participa de audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná.

Apoio

O vice-presidente da Associação Médica do Paraná, Dr. Luiz Antônio Munhoz da Cunha, declarou o apoio da entidade ao movimento. “A AMP é parceira de todos os que procuram melhorar o atendimento aos pacientes. É uma causa justa, em nome da Medicina”, afirmou. O posicionamento foi corroborado pela coordenadora de Defesa Profissional, Dra. Viviana Lemke, que destacou o papel da AMP e o trabalho que vem realizando pelas causas da classe médica e da saúde.

Também estava presente na reunião o vice-presidente da Sociedade Paranaense de Nefrologia, Dr. René dos Santos Neto.

Fonte: Amp