Causa é a baixa remuneração paga; setores tentam negociar com o governo o reajuste imediato de 46% na tabela de trabalho.
Mais de 140 mil brasileiros correm o risco de ficar sem hemodiálise por causa da falta de atualização da tabela do SUS e esse problema coloca em risco a vida de muitos pacientes. Os valores que o Sistema Único de Saúde paga às clínicas conveniadas não são reajustados há quatro anos e o preço dos insumos não param de subir.
Setores reivindicam e tentam negociar com o governo o reajuste imediato de 46%.
No estado de Alagoas, apenas quatro municípios possuem clínicas de diálise, entre eles, Maceió e Arapiraca. No total, 12 clínicas atendem mais de 14 mil pacientes. Duas fecharam as portas este ano.
O presidente da ABCDT (Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante), Marcos Vieira, informou à Tribuna Independente que cerca de 85% dos enfermos que precisam do tratamento são atendidos em clínicas particulares conveniadas ao SUS no país.
Estas clínicas recebem em média R$ 194,00 por paciente quando o ideal seria de R$285,00. Nos últimos anos, 39 clínicas de hemodiálise fecharam em território brasileiro.
Várias clínicas já começam a recusar novos pacientes para não aumentar o prejuízo. Em Maceió, somente o Hospital Vida tem hoje 330 pacientes em diálise. Segundo o diretor-médico Miguel Arcanjo, a unidade não está recebendo novos pacientes em virtude do teto financeiro dado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que é insuficiente. “Estamos todos os meses sem receber o extra teto”, frisou.
ÚNICO
“O dinheiro que paga a diálise vem de uma conta especial do Ministério da Saúde, chamada Faec, dinheiro este para pagar todas as hemodiálises sem restrição.
O município de Maceió é o único no país que não acata esta portaria”, criticou Miguel Arcanjo.
Ana Katarina de Cerqueira Delgado Lopes, nefrologista e diretora da Renal Center Maceió (Centro de Prevenção e Tratamento das Doenças Renais), tesoureira da Sociedade Brasileira de Nefrologia, regional Alagoas, também ressaltou a baixa remuneração da tabela SUS e a falta de reajuste. “Existe uma demanda grande de pacientes e o teto é pouco. O Ministério da Saúde precisa reajustar a tabela e aumentar o teto dos municípios para que a gente consiga dialisar os pacientes para que não morram. Muitas vezes até os R$ 194,00 não recebemos daqueles que estão extra teto, que significa o número de pacientes. Cada paciente por sessão é R$ 194,00, mas se o meu teto é de 100 pacientes, e dialiso 120, estes 20 que chegaram não recebo. Por isso tem muitos lugares fechando as portas e não recebendo também pacientes, mas é muito difícil para a gente ver o paciente precisando e fechar os olhos”, explicou a nefrologista.
Ainda segundo ela, este ano duas clínicas fecharam as portas, ressaltando que são poucas, já que a maioria é dentro de hospitais no estado. “Gestores que são os responsáveis diretos pela população devem estar atentos quanto a esta realidade no sentido de atualizar os valores e proporcionar o tratamento adequado aos pacientes, do contrário eles morrem, este é o tipo de procedimento que se não tiver, o paciente morre”, desabafou.
Fonte: Tribuna Independente – 19/09/2021