Ministério da Saúde, os governos estaduais e a as prefeituras precisam urgentemente adotar medidas especiais para atender o paciente renal durante a pandemia do coronavírus, alerta a Abrasrenal (Aliança Brasileira de Apoio à Saúde Renal).
Os especialistas de saúde da área solicitam urgentemente que sejam montados nos hospitais de campanha do país um serviço especial para concentrar os doentes renais infectados pela Covid-19.
“Esse é um grupo significativo da população que é obrigado a usar transporte público e transitar para realizar a diálise para não morrer. Eles têm uma exposição maior porque já são mais suscetíveis imunologicamente e, se forem infectados, expõem os demais pacientes das clínicas de diálise. Até o momento, poucos estados estão criando um espaço especial para internar doentes renais no hospital de campanha. Isso precisa ser implementado com urgência pelos estados”, destaca Gilson Silva, diretor-geral da Abrasrenal.
Doenças renais e Covid-19
De acordo com o último censo realizado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), em 2018, há mais de 133 mil pessoas realizando diálise no país, em 770 clínicas credenciadas, distribuídas somente em 350 municípios, ou seja, apenas 7% do total de municípios brasileiros conta com unidades de diálise.
Até o final de março, havia um caso confirmado de paciente renal com Covid-19, nove suspeitos e um óbito entre os aguardando confirmação.
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“A falta de realização de exames de diagnóstico da doença em todos os pacientes suspeitos é um fator preocupante. Esses pacientes frequentam clínicas e dividem salas de diálise com outros 30, 40 doentes, semanalmente. Em algumas clínicas, chegam a circular entre 400 e 500 pacientes. Eles precisam ir a postos de saúde para buscar medicamentos para anemia e doença óssea, e também terão que ir para vacinação para gripe comum. Além disso, de acordo com o censo da SBN, 66% têm hipertensão ou diabetes, a idade média do renal é de 58 anos; sendo 35% deles acima de 65, ou seja, a maioria tem mais de um motivo para estar no grupo de risco”, reforça Gilson Silva.
Realidade das clínicas
O diretor-geral da Abrasrenal expõe ainda uma preocupação adicional. A situação financeira da maioria das clínicas de diálise é sabidamente ruim, com muitas unidades acumulando dívidas por atraso de repasses e subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com os dados mais recentes da SBN, a média nacional está em torno de 80% de pacientes vindos do SUS em tratamento nas clínicas de diálise no Brasil.
“Diante desse quadro de pandemia, a nossa maior preocupação é que tratamos diariamente de um público com debilidades específicas, aliada ao grande potencial de mortalidade que a Covid-19 pode atingir nesses pacientes”, ressalta Yussif Ali Mere.
Alteração na rotina dos pacientes
Como sabemos, para os pacientes em programa de hemodiálise fica impossível realizar quarentena, pois precisam ir, no mínimo, três vezes por semana nas clínicas de diálise para realizar seu tratamento, o que aumenta e muito as chances de contágio, como explica a nefrologista Ana Beatriz Barra.
“Este tratamento é essencial, mas as clínicas estão estruturadas para ter um ambiente fechado, onde realizam tratamento juntos 20 a 50 outros pacientes. Mesmo com todos os cuidados com o uso de equipamentos de proteção individual, a chance de contaminação é grande. Os pacientes suspeitos estão sendo isolados em salas menores e em outros turnos de tratamento. No entanto, sem diagnóstico definitivo, uma vez que não há disponibilidade de exames. Além disso, não há hospitais de referência onde podemos garantir tanto os cuidados para a Covid-19, quanto a diálise”, relata a diretora Médica da Fresenius Medical Care.
*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED
Fonte: PEBMED – https://pebmed.com.br/coronavirus-pacientes-que-fazem-dialise-tem-maior-risco-de-contaminacao/ 15/04/2020
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