Recurso audiovisual mostra incidência de casos e alerta a necessidade de recursos para gerir os custos adicionais relacionados ao novo coronavirus.
A Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) lançou, nesta semana, um mapa interativo atualizado em tempo real que mostra os casos suspeitos e de pacientes com Doença Renal Crônica contaminados pelo COVID-19 em todo o país. A iniciativa visa consolidar os dados, mostrando a incidência de contaminação e necessidades de medidas emergenciais em determinada região. As 776 clínicas de diálise que prestam serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS) atendem mais de 133 mil brasileiros e brasileiras que dependem da hemodiálise para sobreviver.
A Associação disponibiliza em seu site um mapa interativo que centraliza e organiza os dados de todo o Brasil, sendo atualizado em tempo real com os casos suspeitos e confirmados do coronavírus. Até o momento, as confirmações comunicadas são de apenas três pacientes (AM, PE e SP), mas nas próximas semanas a situação tende a reverter. O painel é uma ação prioritária da ABCDT, que tem atuado incansavelmente para negociar aportes financeiros, de forma a garantir o tratamento aos doentes renais e as devidas condições de segurança aos profissionais que atendem estes pacientes fora do ambiente hospitalar, reduzindo o risco de novas contaminações.
O presidente da ABCDT, Yussif Ali Mere Junior, explica que o mapa visa propiciar o adequado monitoramento e a tomada de providências em favor da população dialítica, já considerada de alto risco e constituída em grande parte por pacientes diabéticos e com comorbidades que precisam manter seu tratamento de forma crônica nas unidades de diálise espalhadas pelo país. “Devido à capilaridade e interação constante com as clínicas, temos buscado contribuir com as comunidades e com o poder público, especialmente com a expectativa, a exemplo de outros países, de que 20% da população dialítica deve ser contaminada pela doença”, alerta Yussif.
Desde o início de março, a ABCDT pleiteia junto ao Ministério da Saúde um reajuste de 20% no valor das sessões de hemodiálise, para as clínicas que prestam serviço ao SUS, nos meses de abril, maio e junho, podendo ser mantido de acordo com a evolução da pandemia. O atual repasse da Pasta por sessão é de R$194,16, sendo o valor real de R$239,43 – sem considerar os custos adicionais com o COVID-19. A Associação ainda sugere como alternativa temporária que o MS viabilize a cobrança das sessões por meio de código de uso único, como o já existente para diálise sem reuso de linhas e capilares, para pacientes com sorologia positiva para HIV, hepatite B e/ou C. Outro pleito é que seja liberada uma linha de crédito consignado do SUS, no valor de até seis vezes o faturamento da clínica, tendo como base de financiamento a taxa Selic, com carência de três meses.
“Diante desse quadro de pandemia, é emergencial que o Ministério da Saúde dê uma atenção especial ao setor. Nossa maior preocupação é tratarmos diariamente de um público com debilidades específicas, aliada ao grande potencial de mortalidade que o COVID-19 pode atingir nesses pacientes”, ressalta Yussif. Ele completa lembrando a grave crise financeira e os desafios que as clínicas prestadoras de assistência aos pacientes renais crônicos em diálise vivem historicamente.
Pacientes com COVID-19
Entre as medidas que precisam ser adotadas nos casos de pacientes renais crônicos positivos ao COVID-19, estão a aquisição de equipamentos de proteção individual, a criação de local próprio de isolamento para a COVID 19 nas unidades de diálise, a abolição do reuso de linhas, capilares e dialisadores nos casos de pacientes com suspeita ou confirmação de infecção por coronavírus. Estão sendo consideradas a contratação emergencial de pessoal qualificado para atender esses pacientes, viabilizando a criação de turnos extras para realizar hemodiálise nos infectados, além do pagamento de hora extra para funcionários que poderão vir a cobrir o turno de outros funcionários afastados por contraírem a COVID 19.
Aumento abusivo dos preços
De acordo com levantamento da ABCDT, a heparina, insumo primordial para a realização do tratamento de hemodiálise, apresentou variação de preço atípica nos últimos dois anos. O frasco de 5ml teria passado de R$ 7 para R$ 23, com o abusivo reajuste de mais de 200%. O quadro é agravado quando se usa como parâmetro a variação do dólar, de aproximadamente 40% no mesmo período, e levando-se em conta a disparada atual provocada pela pandemia, somada à inflação de mais de 3,75% em 2018 e 4,31% em 2019.
Além da heparina, a Associação denuncia a dificuldade das clínicas associadas em encontrar materiais básicos de segurança pessoal, como máscaras cirúrgicas, luvas e álcool 70%. Tais insumos também apresentam um aumento de preço alarmante desde a chegada do COVID-19 ao país. Na maioria dos estados brasileiros, esse material já é encontrado com escassez pelas clínicas, e ainda com preços altamente abusivos, superando os 150% de aumento.
Sobre a ABCDT
A Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) é uma entidade de classe que representa as clínicas de diálise de todo o país. Tem como principal objetivo zelar pelos direitos e interesses de seus associados, representando-os junto aos órgãos públicos, Ministério da Saúde, Senado Federal, Câmara Federal, Secretarias Estaduais e Municipais. Também representa as clínicas e defende seus interesses individuais e coletivos.
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