CLÍNICAS DE DIÁLISE PODEM PARAR CASO MS NÃO LIBERE RECURSOS PARA TRATAR PACIENTES RENAIS CRÔNICOS COM COVID-19

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Recurso emergencial deve ser destinado ao tratamento de diálise dos infectados com o coronavirus e à segurança dos profissionais de saúde.
A Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) formalizou nova solicitação reforçando a necessidade de aporte financeiro do Ministério da Saúde para as clínicas de diálise que prestam serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS) tratarem pacientes renais crônicos que venham a ser contaminados com o COVID-19. Caso o Ministério não tome providência, centenas de estabelecimentos podem ter que encerrar suas atividades devido à falta de recursos para gerir os custos adicionais relacionados ao novo coronavirus – colocando em risco a vida de brasileiros e brasileiras que dependem da hemodiálise para sobreviver.
O eletricista Marcos Damasceno tem 53 anos e há 12 realiza diálise três vezes por semana. O morador do Gama (DF) não enxerga possibilidades caso a clínica em que ele recebe o tratamento da Terapia Renal Substitutiva (TRS), em Santa Maria, a 20 quilômetros de distância de sua casa, feche as portas. “Toda essa polêmica me deixa muito receoso e nervoso, pois vivi uma situação parecida quando a clínica em que eu frequentava, no Gama, foi à falência e fiquei sem amparo. Se acontecer o mesmo com clínica de Santa Maria, não tenho para onde correr”.
O incentivo solicitado ao MS seria direcionado às particularidades do cuidado com pacientes que realizam TRS, garantindo as condições de segurança a eles e aos profissionais que os atendem fora do ambiente hospitalar, reduzindo o risco de novas contaminações. Para garantir a continuidade dos tratamentos oferecidos pelas clínicas, a Associação sugere como alternativa temporária que o Ministério viabilize a cobrança das sessões por meio de código de uso único, como o já existente para diálise sem reuso. No mesmo documento, a ABCDT pleiteia autorização para realizar consultas à distância, pois pacientes em diálise peritoneal negam-se, frente à quarentena, a irem à clínica.
O presidente da ABCDT, Yussif Ali Mere Junior, explica que os procedimentos visam propiciar o adequado tratamento à população dialítica, já considerada de alto risco e constituída em grande parte por pacientes diabéticos e com outras comorbidades que precisam manter seu tratamento de forma crônica nas mais de 700 unidades de diálise espalhadas pelo país. Assegura ainda a qualidade dos profissionais de saúde que atuam nesses estabelecimentos, considerando o alto risco de contaminação.
“Diante desse quadro de pandemia, é emergencial que o Ministério da Saúde dê uma atenção especial ao setor. Nossa maior preocupação é tratarmos diariamente de um público com debilidades específicas, aliada ao grande potencial de mortalidade que o COVID-19 pode atingir nesses pacientes”, ressalta Yussif. Ele completa lembrando a grave crise financeira e os desafios que as clínicas prestadoras de assistência aos pacientes renais crônicos em diálise vivem historicamente.
Pacientes com COVID-19
Entre as medidas que precisam ser adotadas nos casos de pacientes renais crônicos, estão a aquisição de equipamentos de proteção individual, a criação de local de isolamento nas unidades de diálise, a abolição do reuso de linhas e capilares nos casos de pacientes suspeitos e infectados.
Está sendo necessária a contratação emergencial de pessoal qualificado para atender esses pacientes, viabilizando a criação de turnos extras para realizar hemodiálise nos casos suspeitos e infectados, além do pagamento de hora extra para funcionários que poderão vir a cobrir o turno de outros funcionários afastados por contraírem a COVID 19.
Sobre a ABCDT
A Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) é uma entidade de classe que representa as clínicas de diálise de todo o país. Tem como principal objetivo zelar pelos direitos e interesses de seus associados, representando-os junto aos órgãos públicos, Ministério da Saúde, Senado Federal, Câmara Federal, Secretarias Estaduais e Municipais. Também representa as clínicas e defende seus interesses individuais e coletivos.