MINAS TEM MAIS DE 4.000 PESSOAS NA FILA À ESPERA DE TRANSPLANTE

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Taxa de doadores efetivos cresceu, mas ainda está abaixo da nacional; de janeiro a agosto deste ano, foram realizadas quase 1.500 cirurgias.
Em Minas Gerais, mais de 4.000 pacientes aguardavam, em junho deste ano, por um transplante de órgãos e tecidos. A grande maioria (2.808) estava à espera de um novo rim para deixar para trás as sessões de hemodiálise. Outros 1.104, de um transplante de córnea para recuperar, pelo menos, a visão parcial.
Os dados de janeiro a junho são os mais recentes da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), que aponta que a fila no Estado (4.054) fica apenas atrás da de São Paulo (15.687). No fim de 2018, eram 3.974 mineiros na lista de espera.
Nesta sexta-feira, 27, foi comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos. Segundo a Central Nacional de Transplantes (CNT), o MG Transplantes ocupa o quinto lugar em número absoluto de doadores (210) e o 12º na taxa por milhão de população (12,9 pmp).
O Estado está em segundo lugar no número absoluto de transplantes realizados, mas em 13º lugar em número de transplantes de córneas por milhão de população (pmp), segundo a ABTO. De janeiro a agosto deste ano, foram realizados 1.497 transplantes de órgãos e tecidos em Minas. Em todo o ano passado, foram 2.142.
O número de doações de órgãos vinha crescendo no Brasil. Segundo a ABTO, no ano passado o crescimento na taxa de doadores efetivos foi 2,4% maior, atingindo 17 doadores pmp, mas ainda abaixo da taxa prevista de 18 doadores. Mas entre janeiro e março, deste ano, essa taxa caiu para 16,8. Segundo a associação, o resultado do primeiro trimestre inviabiliza a meta para este ano – de 20 doadores pmp.
Em Minas, onde a taxa de doadores pmp está em 12,9 neste ano, essa meta está ainda mais longe. A médica Silvia Zenóbio, coordenadora do Núcleo de Transplante de Fígado do MG Transplantes, admite que é preciso avançar, mas diz que houve melhora em relação ao ano anterior (a taxa era de 9).
Silvia diz que o órgão tem realizado ações de qualificação dos profissionais da saúde para fazer o diagnóstico de morte encefálica e uma abordagem mais esclarecedora junto às famílias. Segundo ela, quase 900 médicos foram capacitados no Estado no último ano.
A médica ressalta, ainda, que é preciso vencer o estigma de se conversar sobre a doação de órgãos. Hoje, no Brasil, é a família quem autoriza a doação. “A pessoa tem que manifestar para a família o desejo de doar”, reforça. Mesmo sendo um momento trágico, diz, a doação pode trazer conforto, uma vez que permite que o transplantado retome sua vida.
Transplante de rim
O sim de uma família mudou para sempre a vida do zootecnista Alan Caldeira Fernandes, 30. No dia 6 de agosto, ele recebeu um rim novo e se livrou das quatro sessões de hemodiálise que fazia por semana. Morador de Itamarandiba, ele viajava quase 400 km por dia para fazer o tratamento em Diamantina, ambas no Alto Jequitinhonha. “É maravilhoso. Vou fazer cursos e voltar a trabalhar”, diz entusiasmado.
Mas nem sempre um paciente na situação de Fernandes tem uma segunda chance. O transplante só é autorizado pela família em 40% dos casos. Por causa desse alto índice de “nãos”, o Ministério da Saúde lançou ontem, no dia nacional de doação de órgãos, a campanha: “a vida continua. Doe órgãos. Converse com sua família”.
Para o médico Pedro Augusto Macedo de Souza, responsável técnico pela doação de rins da Santa Casa de Belo Horizonte, a campanha é importante para conscientizar as pessoas a dizerem aos familiares de tem vontade de doar órgãos. “Conhecer o desejo da pessoa é fundamental. Se a família sabe, ela tende a aceitar (a doação)”, explicou o médico. (Aline Diniz)
Fonte: O Tempo – https://www.otempo.com.br/interessa/minas-tem-mais-de-4-000-pessoas-na-fila-a-espera-de-transplante-1.2242710 – 30/09/2019