Ainda é muito comum as pessoas terem dúvidas a respeito da doação de órgãos e tecidos. E nada melhor do que a informação de especialista no assunto para esclarecer qualquer pergunta.
DOE DE CORAÇÃO
Idade mínima para doar, sequelas pós-cirurgia, saúde pós-doação, apoio psicológico e possibilidade de rejeição. Essas e outras questões são emblemáticas, tanto do ponto de vista do potencial doador como do potencial receptor. Muita informação circula sobre a doação de órgãos e de tecidos, mas as pessoas ainda podem ficar com algumas dúvidas – e, nesse caso, nada melhor do que o esclarecimento para salvar vidas. Quem ajuda a responder a algumas dessas questões é a médica nefrologista Paula Fernandes, chefe da Unidade do Sistema Urinário do Hospital Universitário Walter Cantídio, de Fortaleza. Algumas dessas perguntas foram colhidas por meio do site do Diário do Nordeste, ao longo deste mês de setembro, por meio dos especiais #VidasDeSetembro.
A partir de que idade posso doar um rim?
Se for doador vivo, a partir de 18 anos. No caso de menores de idade, só com autorização judicial.
Criança também pode doar?
Apenas crianças em morte encefálica podem ser doadoras. Crianças não devem ser doadoras em vida, porque não podem decidir legalmente. Elas são protegidas por lei, porque têm risco de desenvolver doenças ao longo da vida.
Existe idade limite para ser doador?
Em média, doadores até 60 anos. Mas cada caso é analisado individualmente.
Após doar um rim, a pessoa pode ficar com sequelas?
Não ficam sequelas, mas todo procedimento cirúrgico tem seus riscos. No entanto, a grande maioria não tem complicações.
Ficam limitações para o doador ou para o receptor?
Para o doador, não ficam limitações. Ele deve evitar remédios anti-inflamatórios. Para o receptor, ficam algumas limitações. Ele passará a tomar remédios imunossupressores e terá consultas médicas periódicas.
O doador e o receptor de um rim, após a cirurgia, levam uma vida normal?
O doador leva uma vida normal. O receptor também, porém, com cuidados com dieta.
“Para o doador, não ficam limitações. Ele deve evitar remédios anti-inflamatórios. Para o receptor, ficam algumas limitações. Ele passará a tomar remédios imunossupressores e terá consultas médicas periódicas”, explica Paula Fernandes, Chefe da Unidade do Sistema Urinário do Hospital Universitário Walter Cantídio
Para quem doa um rim, só um dá conta de tudo? A saúde fica do mesmo jeito que antes?
Quem doa um rim vive muito bem apenas com um. O doador fica com a saúde do mesmo jeito.
Quais os critérios para doadores e receptores serem compatíveis?
A compatibilidade ocorre pelo grupo sanguíneo e pelo sistema de compatibilidade chamado HLA, que é um conjunto de genes que expressam nas células características referentes à imunidade. Portanto, é necessário fazer exames de compatibilidade.
Existe algum apoio psicológico para os envolvidos na doação?
Existe equipe multidisciplinar, incluindo psicólogo e residentes de psicologia.
O anonimato do doador e do receptor é previsto em lei ou é apenas sigilo médico?
Está previsto por Lei e também por meio do sigilo médico ético, mas se a família e o paciente desejarem, pode ser permitida a divulgação.
Você recebe o DNA de outra pessoa ao receber um órgão ou tecido?
Não, pois não existe esta capacidade biológica de o DNA penetrar em outras células. Só quando a terapia genética for possível. O que o paciente recebe é um órgão que tem proteínas e células de outra pessoa, mas o DNA não é incorporado a quem recebe.
E o DNA do doador se mistura com o do receptor?
O órgão funciona como um corpo estranho. Os remédios (imunossupressores) são para evitar rejeição. O DNA do receptor não muda.
E se houver rejeição?
Na maioria das vezes se trata a rejeição. Caso o paciente tenha rejeição e o enxerto pare de funcionar, ele volta para diálise – no caso de transplante de rim – e pode fazer um segundo ou terceiro transplante, se precisar.
Fonte: Diário do Nordeste – https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/projetos/doe-de-coracao/online/a-informacao-e-a-maior-aliada-1.2153085 – 25/09/2019