RELAÇÃO ENTRE HIPERTENSÃO E DOENÇA RENAL CRÔNICA

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A hipertensão arterial sistêmica (HAS) apresenta relação bilateral com doença renal crônica (DRC): é tanto causa como consequência da perda da função renal (é a regra de Tostines!). Há diversos mecanismos envolvidos, sendo os mais importantes:
Disfunção endotelial;
Retenção de sódio e água;
Ativação do sistema nervoso simpático;
Ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona.
Nas formas leves de DRC (KDIGO 1 a 3a), o acompanhamento e o tratamento da HAS não diferem muito da população em geral. A situação adquire peculiaridades à medida que a taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) cai abaixo de 30 ml/min/m². O mundo da DRC avançada pode ser dividido em dois grupos:
DRC não dialítica
O objetivo é retardar a perda da função renal. As novas diretrizes recomendam ter como meta uma PA < 130/80 mmHg. A droga de primeira escolha são os iECA ou BRA, especialmente, se houver proteinúria > 300 mg/dia. Pode haver piora transitória da função renal, e você deve tolerar aumentos de até 20-30% na creatinina, desde que ela se mantenha < 2,5-3,0 mg/dl e o potássio < 5,5 mEq/L.
DRC dialítica
Esse é um grande problema, pois a variabilidade da PA costuma ser alta, caindo durante a hemodiálise e subindo excessivamente no dia que não dialisa. Não há estudos comprovando o melhor método de medida e tratamento. Para a vida prática, a dica é monitorar a PA ao longo da semana com MRPA e fazer ajustes na posologia: você pode necessitar de mais medicações nos dias sem diálise e menos nos dias que for dialisar. Outro aspecto interessante é que há um grupo de pesquisadores que defendem os betabloqueadores como primeira escolha nesses pacientes, argumentando que são mais eficazes e seguros. Contudo, a evidência ainda é pequena e controversa e não podemos levar isso universalmente para nossa prática, pelo menos por enquanto.
Outras dicas importantes
A prevalência de HAS resistente é maior, mas muitos pacientes são “pseudoresistência”. Use medidas ambulatoriais (MAPA ou MRPA).
Intensifique a dieta hipossódica. Hipervolemia é comum nesse grupo de pacientes.
A droga de segunda linha, após iECA ou BRA, são os diuréticos. Pois o efeito sinérgico é importante na natriurese. Há autores que questionam a prática de só usar furosemida na TFGe < 30 ml/min/m² – eles mantêm o tiazídico a não ser que haja edema periférico ou congestão pulmonar.
A terapia de denervação renal ainda foi pouco estudada nessa população. Nestes poucos pacientes, mostrou-se promissora, com boa redução da PA. Mas ainda não é hora de uso universal, e sim mais pesquisas.
Fonte: PEBMED – https://pebmed.com.br/relacao-entre-hipertensao-e-doenca-renal-cronica/ – 02/08/2019