Campanha nacional mobilizará em agosto a sociedade e autoridades para a necessidade de investimentos no tratamento e transplante.
ABCDT busca condições para oferecer tratamento de qualidade e acesso aos pacientes renais crônicos, que somam mais de 120 mil brasileiros.
A Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) realizará, pelo 2º ano consecutivo, o “Dia D da Diálise”, data que marca a luta por reivindicações e melhorias para o setor. No dia 29 de agosto de 2019, centenas de clínicas em todo o Brasil promoverão ações para mobilizar a sociedade, os governos municipais, estudais e federal para a necessidade de investimentos para a hemodiálise e a diálise peritoneal, fundamental para a sobrevivência de mais de 122 mil pacientes renais crônicos no Brasil que dependem do tratamento para manter uma vida próxima do normal.
Com o mote Vidas importam! A Diálise não pode parar, as reivindicações da ABDCT no “Dia D” são pela adequada remuneração do valor da sessão de hemodiálise e diálise peritoneal às mais de 700 clínicas de diálise que prestam serviços para o Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo tratamento de qualidade e acesso para os pacientes renais crônicos. Há anos, o valor pago pelo Ministério da Saúde para esses tratamentos estão abaixo do custo real e não acompanham a cotação do mercado. Grande parte dos insumos, como produtos e maquinários são importados, além de gastos com dissídios trabalhistas, folha de pagamento, água, energia e impostos. Com essas despesas e a grave diferença de valor, clínicas ameaçam encerrar suas atividades pela falta de recursos para compra de insumos para o atendimento aos pacientes.
Yussif Ali Mere Júnior, presidente da ABCDT, alerta que os pacientes renais crônicos dependem única e exclusivamente das sessões de hemodiálise ou da diálise peritoneal para sobreviverem. Ele alerta que a principal preocupação da Associação quanto à constante falta de investimento e de repasse de recursos está ligada à menor oferta de tratamento à população: “A realidade que enfrentamos na diálise no Brasil é absolutamente incompatível com o sucesso do tratamento”.
Dia D de Diálise
As ações do “Dia D da Diálise” variam de acordo com cada cidade e com os grupos mobilizadores, mas incluem desde aferição de pressão e distribuição de folders a conversas com especialistas e audiências públicas com parlamentares. Em 2018, mais de 40 cidades participaram ativamente do “Dia D”, sendo que 300 mil pessoas foram impactadas pelas ações e campanha digital da iniciativa.
Em 2019, o presidente da Associação novamente convida a sociedade, empresas, redes clínicas, indústrias, médicos, equipes multidisciplinares e familiares para se mobilizarem e irem para a rua no dia 29 de agosto. “Buscamos condições mais justas para pacientes renais e colaboradores da área. Contamos com o apoio e protagonismo da população nesta luta. Juntos somos mais fortes! A Diálise não pode parar!”, destaca.
Descaso histórico
De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), 122 mil pacientes renais crônicos dependem da hemodiálise, sendo que 100 mil dialisam em clínicas privadas que prestam serviços para o SUS. O mais recente censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) indica que mais de 700 clínicas realizam diálise no Brasil e, atualmente, mais de 1.000 pacientes em todo o Brasil aguardam pela disponibilidade do tratamento da hemodiálise pelo setor público, devido à falta de financiamento adequado.
A falta de repasse do valor das sessões de hemodiálise, que ameaça o tratamento de milhares de pacientes renais, é realidade para dezenas de clínicas de diálise que prestam serviço ao SUS, oferecendo tratamento de terapia renal substitutiva para filtrar artificialmente o sangue. O atraso no repasse do pagamento da Terapia Renal Substitutiva (TRS) pelas Secretarias de Saúde estaduais e municipais aos prestadores de serviço ao SUS está entre os problemas recorrentes na nefrologia. Muitos gestores chegam a atrasar em mais de 30 dias o repasse após a liberação do recurso pelo Ministério da Saúde.
Em 2019, a ABCDT tem se esforçado para pleitear, junto ao Ministério da Saúde, que o pagamento da Terapia Renal Substitutiva (TRS) seja feito direto do Fundo Nacional de Saúde para as clínicas de diálise. A ideia é que os gestores estaduais e municipais passem a exercer apenas a atividade fiscal em relação à assistência prestada aos cidadãos.
A diálise peritoneal (outra modalidade de tratamento dialítico), também passa por grave crise. Diferente da hemodiálise, que filtra o sangue através de máquina e dialisador para remover as toxinas do organismo, a diálise peritoneal realiza o tratamento dentro do corpo do paciente, por meio da colocação de um cateter flexível no abdômen para a infusão de líquido de diálise para filtrar o sangue do paciente. No entanto, a remuneração também está abaixo do custo e a situação das clínicas que oferecem os produtos e medicamentos é crítica.
De acordo com pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a diálise peritoneal pode representar economia de 5% aos cofres públicos e gerar qualidade de vida ao paciente. Entretanto, segundo a ABCDT, a terapia ainda é subutilizada pelo sistema de saúde. A entidade calcula que atualmente no Brasil pouco mais de 9 mil pacientes realizam esse tipo de tratamento.
Sobre a ABCDT
A Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) é uma entidade de classe que representa as clínicas de diálise de todo o país. Tem como principal objetivo zelar pelos direitos e interesses de seus associados, representando-os junto aos órgãos públicos, Ministério da Saúde, Senado Federal, Câmara Federal, Secretarias Estaduais e Municipais. Também representa as clínicas e defende seus interesses individuais e coletivos.
Serviço
Dia D da Diálise – Vidas importam! A Diálise não pode parar
Data: 29/08/2019
Organização: Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT)
Informações: www.vidasimportam.com.br