Medicamentos para renais transplantados estão com estoques inadequados em todo Brasil

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No Pará, estoques de medicamentos necessários variam entre 40% e 70% do ideal, aponta a Associação dos Renais Crônicos e Transplantados do Pará.
Alguns medicamentos imunossupressores, para renais crônicos transplantados, estão em falta ou com estoques insuficientes em todo o Brasil. Os principais são Tacrolimo, Ciclosporina e Cicofenolato de Sódio. A crítica é da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT). A Associação dos Renais Crônicos e Transplantados do Pará (ARCT-PA) aponta que o estado não está na pior das condições, mas constantemente enfrenta falta desse medicamentos.
Desde o início do ano, aponta a ABCDT, o sistema federal de distribuição de medicamentos vive uma crise de desabastecimento, afetando principalmente os transplantados. Pacientes de diversos estados têm denunciado uma instabilidade na distribuição da medicação usada pós-transplante nas farmácias do Sistema Único de Saúde (SUS), o que gera constantes falta dos remédios e fracionamento na entrega.
Belina Soares, diretora da ARCT-PA, aponta que existem pelo menos 860 pacientes que dependem dessas medicações citadas pela ABCDT. Ela ressalta que faz dois anos que o Ministério da Saúde não envia a quantidade necessária de medicamentos. As compras costumam ser para quadrimestres, mas dificilmente os estoques chegam ao final do período. O abastecimento do Tacrolimo seria de 40% do ideal. Os demais chegam a 70% do ideal.
“Já estivemos numa situação mais grave no início do ano, mas desde junho houve uma regularização. Mas ainda estamos longe do ideal. Em posicionamentos do Ministério da Saúde, esses problemas de estoques só devem ser solucionados em outubro”, destaca Belina.
Medicação é fundamental para evfitar a perda do rim e retorno à hemodiálise
Os imunossupressores são fundamentais para que os órgãos transplantados não sejam rejeitados. São medicamentos que o paciente precisa tomar pelo resto da vida. Caso contrário, corre o risco de perder o órgão — regredindo anos no tratamento — ou até de morrer. Só o governo federal faz a compra e distribui para as secretarias estaduais.
Essas drogas não são vendidas em farmácias comuns. Caso o paciente decida comprar — que não é barato —, precisa localizar um distribuidor e checar a disponibilidade do produto. Não é incomum que alguns pacientes precisem recorrer a entidades representativas de renais crônicos e transplantados para obter os medicamentos.
“A partir do momento em que o paciente recebe o órgão, ele precisa tomar, diariamente, em dosagem exata, os medicamentos indicados. O problema é que eventualmente os estados não conseguem realizar as compras e faltam medicamentos. Dessa forma, o paciente corre o risco de perder o rim de forma aguda (ação imediata quando o paciente deixa de tomar os medicamentos) ou crônica (ação lenta e, muitas vezes, imperceptível, quando o paciente toma os medicamentos sem a frequência ou dosagem necessária)”, explica o médico nefrologista e vice-presidente da ABCDT, Marcos Vieira
Marcos observa que as clínicas de diálise já estão sobrecarregadas demais. Logo, não poderão sustentar a situação por muito tempo, caso os medicamentos não sejam efetivamente regularizados. “Se os pacientes começarem a perder os órgãos transplantados, eles precisarão voltar para as máquinas de hemodiálise. Além disso, vale lembrar que as clínicas já enfrentam inúmeros desafios para continuar atuando, sendo que muitas ficam meses sem receber o repasse da verba destinada à hemodiálise”, conclui.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informa que “…os medicamentos Tacrolimo 1 mg e Tacrolimo 5 mg pertencem ao Grupo 1A do Componente Especializado, de aquisição e distribuição do Ministério da Saúde às secretarias estaduais de saúde. O abastecimento do medicamento Tacrolimo 1 mg está regularizado. Quanto à apresentação de 5 mg, a regularização do estoque se deu neste 18 de junho”.
“Em relação ao medicamento Ciclosporina, de compra e distribuição feita pela Sespa, o estoque está regularizado nas diversas apresentações. A Sespa informa que não consta em seus cadastros nenhum medicamento com a descrição Cicofenolato de Sódio”, conclui o órgão estadual.
Fonte: Agência Pará – https://www.agenciapara.com.br/noticia/13365 – 19/06/2019