Mesmo já com alta médica, muitos permanecem internados. Vaga em clínica só pode ser obtida através do Sisreg, o sistema de regulação.
Faltam vagas para fazer hemodiálise nas clínicas credenciadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Rio. Com isso, pacientes renais crônicos são obrigados a ficar internados em hospitais do município. Eles já receberam alta, mas continuam ocupando leitos que podem fazer falta a outras pessoas.
O presidente da Associação dos Renais e Transplantados do Estado do Rio de Janeiro (Adreterj), Gilson Nascimento da Silva, diz que 130 pacientes aguardam uma vaga em uma clínica de hemodiálise, atualmente, no Rio de Janeiro. Quem não quiser ficar internado precisa pagar caro: cada sessão de hemodiálise custa, em média, R$ 190.
“A tendência é o número de pacientes aumentar. Temos muitos renais crônicos entrando no sistema. É um problema que vem de cima, do Ministério da Saúde, que é quem repassa a verba da diálise para os municípios, e os municípios retêm essa verba. Demoram a repassar essa verba às clínicas de diálise. Outro problema é que o que é remunerado para as clínicas pelo Ministério da Saúde é insuficiente, o valor é muito baixo, e ninguém quer mais abrir vaga para diálise e aumentar seu passivo. Esse é um grande problema em todos os estados”, explica.
O paciente não pode procurar sozinho uma clínica para fazer diálise. Isso só é feito pelo sistema de regulação.
Esse é o caso de Antônio Sérgio Simões, que está há mais de dois meses no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, na Zona Norte. O filho dele, Anderson, diz que ele chegou a ficar um dia inteiro sem alimentação e que, vez por outra, faltam insumos básicos.
“Os médicos já deram alta para ele, mas infelizmente até agora nada de clínica para realizar a diálise fora do hospital”, disse Anderson.
Já Edson Amaral, de 74 anos, está há mais de três meses internado, no mesmo hospital. Sua filha, Elaine, diz que ele está deprimido e que já pegou duas infecções.
“Meu pai está internado há 84 dias. É um problema muito sério porque as pessoas não podem sair, voltar para casa. Ficam ocupando leito de uma pessoa que poderia estar lá em condições piores, porque meu pai está sadio. E a gente não tem noção de quanto tempo isso vai durar. A papelada do meu pai já foi para o Sisreg (Sistema de Regulação de Vagas), mas a gente não sabe qual a localização do meu pai nesta fila”, reclamou Elaine.
O Bom Dia Rio entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde para saber como estão os repasses de verbas para as clínicas, mas ainda não obteve retorno.
Fonte: G1 – https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/06/06/falta-de-vagas-em-clinicas-de-dialise-no-rj-obriga-pacientes-renais-cronicos-a-ficar-meses-em-hospitais.ghtml – 06/06/2019