Pacientes renais não conseguem vagas em clínicas conveniadas do SUS para fazer hemodiálise no RJ

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Associação de Doentes Renais diz que 150 pessoas ocupam vagas em hospitais. Existem 87 clínicas conveniadas somente em 31 dos 92 municípios do estado.
acientes renais que precisam fazer hemodiálise em unidades de saúde do Rio chegam a esperar meses por vaga em uma clínica conveniada. “Estou aqui no hospital há 91 dias, fazendo hemodiálise três vezes por semana. E não estou aguentando mais ficar aqui, porque eu quero uma clínica e nada de eles verem a clínica para mim”, apelou a paciente Marcolina.
A paciente está internada no Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, na Zona Norte, desde 29 de maio. Ela deu entrada por causa de uma crise nos rins e precisou começar a fazer hemodiálise. Mas, ela já poderia estar em casa há muito tempo.
Ela é uma das 150 pessoas, de acordo com a Associação de Doentes Renais e Transplantados do estado, que estão internadas só à espera de vagas em clínicas que fazem hemodiálise. O problema é conseguir vaga nessas clínicas particulares que tem convênio com o SUS. Se os pacientes saírem do hospital perdem a única chance que têm de fazer hemodiálise.
Marcolina ainda sofreu um acidente na semana passada, logo depois de uma sessão e está cheia de hematomas. “Assim que eu saí da hemodiálise, eu caí no banheiro”, contou a paciente.
O primo dela, Osvaldo Loureiro, contou que a família se reveza para cuidar do único filho de Marcolina, que é deficiente.
Pacientes que conseguiram vaga enfrentam outro problema: a distância de onde moram. Elis ficou internada três meses no Hospital de Piedade, na Zona Norte, esperando oportunidade em alguma clínica. Só surgiu no Centro de Nefrologia de Realengo, na Zona Oeste. Ela mora em Santa Cruz, na Zona Oeste, e não tem condições de pagar a passagem para o tratamento três vezes por semana.
“Em Santa Cruz, tem uma clínica bem mais perto da sua casa. Ainda não conseguimos a transferência”, diz a mulher que não tem condições financeiras de manter o transporte nem de se locomover, pois tem um pé amputado e anda com dificuldade.
Dados de 2015 mostram que 9.900 pacientes foram atendidos em 89 clínicas. Em 2018, forma 13 mil pacientes em 87 clínicas. Hoje, existem clínicas conveniadas só em 31 das 92 cidades do estado. Elas atendem 95% da demanda do SUS.
A angústia para quem depende do tratamento é enorme. Pacientes estão reféns da saúde pública. “Quero só uma clínica, gente, por favor. Me ajude, por favor, gente”, lamenta Marcolina.
O presidente da Associação de Doentes Renais e Transplantados, Gilson Nascimento, diz que existe um limite de teto financeiro estipulado pelo Ministério da Saúde. E seria necessário aumentar esse teto para que haja o repasse para ampliar o atendimento aos pacientes.
“Isso é responsabilidade do estado, que não consegue caminhar com as próprias pernas. Temos 150 pacientes nessa situação (aguardando vagas em clínicas que fazem hemodiálise), internadas, ocupando um leito que poderia ser usado por alguém na emergência. Não existe vagas em clínica de diálise para essas pessoas. Elas estão sofrendo, internadas, e a gente não consegue fazer nada porque o estado é omisso”, disse Nascimento.
A Secretaria Municipal de Saúde disse em nota que os pagamentos para as clínicas este ano estavam em dia. Há uma dívida referente ao final de 2017, mas que estão fazendo os trâmites legais para quitar esses pagamentos. As vagas para clínicas de hemodiálise são reguladas pelo Sistema Estadual de Regulação.
A Secretaria Estadual de Saúde disse que as vagas do Rio são insuficientes. Os recursos são repassados pelo Ministério da Saúde.
A direção do Hospital Carlos Chagas disse que solicitou uma vaga para Marcolina, mas ainda não conseguiu. Sobre a paciente Elis, a unidade destacou que está aguardando uma vaga em Santa Cruz.

CONFIRA VIDEO

Fonte: G1 – https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2018/09/03/pacientes-renais-nao-conseguem-vagas-em-clinicas-conveniadas-do-sus-para-fazer-hemodialise-no-rj.ghtml – 03/09/2018