Crise da diálise: mais de 130 pacientes aguardam em hospitais no estado para iniciar tratamento

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No Estado do Rio, há quase 13 mil pacientes renais crônicos que fazem diálise e mais de 130 pessoas internadas em hospitais aguardando na fila para iniciar este tratamento, um tipo de filtragem do sangue feito através de máquinas para eliminar o excesso de líquidos e substâncias tóxicas. A diálise é custeada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em que o Ministério da Saúde libera recursos para os fundos municipais de saúde, que devem repassar para as 80 clínicas de diálise conveniadas ao SUS. Cada sessão do tratamento está avaliada em R$ 194.
Segundo instituições ligadas ao tema, o valor da sessão está abaixo do necessário – na rede privada chega a R$ 600 – e os problemas no repasse de recursos para as clínicas vêm acarretando diversas complicações para os pacientes e para os profissionais da área. Todas estas questões foram relatadas nesta quarta-feira (29/08) durante audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). A reunião foi presidida pelo deputado Dr. Deodalto (DEM).
Fila de espera
Para o presidente da Associação dos Renais e Transplantados do Estado do Rio (Adreterj), Gilson Nascimento, a fila para iniciar o tratamento não vai se resolver rapidamente, porque o Ministério da Saúde estipulou um teto para o custeio da diálise. Os pacientes que estão na fila acabam não sendo transferidos para as clínicas porque não haverá reembolso desse custo. “O gestor da clínica precisa pagar fornecedores e funcionários, além dos custos com a estrutura. Nossa sugestão é que o Estado complementasse esses recursos para tirar a pessoa do leito, que pode ser ocupado por outro paciente em caso grave. A internação custa mais caro do que a sessão da diálise”, avaliou. Nos últimos nove anos, 21 clínicas conveniadas ao SUS foram abertas no Rio, mas 48 já fecharam.
“A falta de insumos, a identificação da doença em estágio avançado e outros fatores, como a ausência do acesso vascular, contribuem para o aumento nos últimos anos da taxa de mortalidade do paciente renal, que atualmente está entre 17 e 18%”, afirmou Carlos Pinho, da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT). Ele disse ainda que hoje 5% dos pacientes se tratam através da diálise peritoneal – um tratamento alternativo que pode ser feito em casa com auxílio de profissional qualificado, quando esse índice deveria ser de 15%.
Representando a Secretaria de Estado de Saúde (SES), Marcelo Rodrigues informou que a pasta está buscando junto ao Governo Federal que o financiamento da diálise volte a ser feito de acordo com a demanda, e não atendendo a um teto de gastos. Ele levantou também a possibilidade de criação de novas vagas nas clínicas conveniadas. “Estamos verificando essa questão e também vamos visitar os locais para avaliar a qualidade do serviço prestado”, disse.
A comissão vai realizar outra reunião para debater o tema, porque, de acordo com os integrantes, a situação é mais grave do que se pensava. “Não é só a falta de repasse. Não tem reajuste da tabela SUS e faltam vagas para iniciar o tratamento. Nós recebemos a informação que o município de Belford Roxo está com o repasse atrasado, mas o dinheiro já está na conta da prefeitura. Como as clínicas vão conseguir arcar com o funcionamento, pagamento de funcionários e insumos médicos sem a verba?”, indagou o parlamentar Dr. Deodalto.
Também compareceram à reunião os deputados Dr. Julianelli (PSB), Enfermeira Rejane (PCdoB), Iranildo Campos (SD), Paulo Ramos (PDT), a nefrologista Bianca Gouvêa (UFF/UERJ), Cristina Rocha, da Sociedade Brasileira de Nefrologia e funcionários e pacientes das clínicas de diálise.
Fonte: Diário Carioca – https://odiariocarioca.com/noticia-2018-08-31-crise-da-dialise-mais-de-130-pacientes-aguardam-em-hospitais-no-estado-para-iniciar-tratamento-9625792.carioca.html – 03/09/2018