Transplantados “amargam” falta de medicamentos em dia em Dourados

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Transplantados de Dourados estão enfrentando um “calvário” para conseguir medicamentos de média e alta complexidade em dia, em Dourados. A afirmação é do presidente da Associação dos Doentes Renais Crônicos e Transplantados de Dourados (Renassul), Feliciano Paiva. Ele, que também é transplantado, diz que os medicamentos costumavam chegar sempre no dia 15 de cada mês. Mas esse ano, além dos pacientes sofrerem com a falta na distribuição de princípios ativos como a Azatiaprina e Ciclosporina de 100 mg, agora enfrentam atrasos na distribuição de outros medicamentos e não há mais previsão de data para a entrega o que faz com que todos os dias os renais tenham que se deslocar de suas casas até o posto de distribuição.
“Não existe uma data certa mais, para a entrega. Antes, os medicamentos vinham todos juntos para o paciente. Agora um chega, o outro não e isto tem colocado a vida dos pacientes em risco”, destaca Feliciano. Por causa disso, a Associação vai formalizar denúncia ao Ministério Público Estadual. Segundo Feliciano, há cerca de 1 ano o medicamento não chega de forma regular, o que motivou diversas comunicações para a Promotoria de Justiça em Dourados. De acordo com José Feliciano, não há uma regularidade na distribuição dos medicamentos. Além dos atrasos, os pacientes, até há pouco tempo, não estavam recebendo a quantidade suficiente e recomendada pelo médico. “Quando falta o Ciclosporina de 100 mg, o paciente estava orientado a tomar quatro comprimidos na dosagem de 50 miligramas, que não tem faltado na rede pública. O problema é que o paciente que toma dois medicamentos de 100 miligramas ao dia, não recebe quatro comprimidos de 50 mg para substituir. Ele recebe apenas dois, ou seja, metade da dosagem recomendada”, destaca. Segundo Feliciano, tratam-se de remédios de alto custo que dificilmente são encontrados para venda nas farmácias e os valores podem chegar a R$ 600,00 no caso da Ciclosporina. “Cada caixa com 50 comprimidos não dá para 30 dias porque o paciente, na maioria dos casos, toma dois por dia. É um custo alto para as pessoas que hoje ganham apenas um salário mínimo”, destaca. No caso do Ciclosporina, é um medicamento imunossupressor que atua controlando o sistema de defesa do organismo, sendo utilizado para evitar a rejeição de órgãos transplantados. “A situação é gravíssima. Quando o paciente não toma o medicamento, corre o risco do corpo começar agir e rejeitar o rim transplantado. Com isso, o paciente pode perder o órgão e ter que voltar para uma máquina de hemodiálise. Isso, se ele não morrer.”, lamenta. O presidente da Associação José Feliciano de Paiva disse ainda que considera a falta de distribuição do medicamento como um descaso com a saúde pública. “Os pacientes precisam ficar procurando quem tem algum comprimido para doar entre si. A Associação já chegou a buscar com familiares de pacientes que morreram, para ver se sobraram alguns comprimidos para doar, de tão crítica que é a situação, além de humilhante. Mais de 40 pessoas são transplantadas em Dourados, boa parte dessas estão sem o remédio e cada dia que passa, pode ser uma vida que estamos perdendo. Precisamos de uma resposta urgente”, explica.
Estado Até o fechamento dessa edição, o estado não havia se manifestado sobre as denúncias.
Fonte: Dourados Agora – https://www.douradosagora.com.br/noticias/dourados/transplantados-amargam-falta-de-medicamentos-em-dia-em-dourados – 23/07/2018