Sessões de hemodiálise são reduzidas na Capital por falta de vagas

0
119

MS possui cerca de 1,9 mil pacientes renais e metade mora na Capital.
Levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia e divulgado pelo Inquérito Brasileiro de Diálise Crônica revela que existem em Mato Grosso do Sul, cerca de 1,9 mil pessoas com doenças renais crônicas, sendo que mais da metade deste público mora em Campo Grande, ou seja, mil pacientes.
Os pacientes que necessitam do atendimento contam atualmente com três clínicas especializadas que oferecem sessões, com repasse do Sistema Único de Saúde (SUS), localizadas no Hospital Universitário, Santa Casa de Campo Grande e Hospital Regional Rosa Pedrossian.
De acordo com a médica nefrologista e presidente da Associação Beneficente dos Renais Crônicos (Abrec), Cida Arroyo, a crise na hemodiálise hoje é muito grande, pois, há cinco anos não que não há aumento no valor do repasse do governo federal para as instituições em todos os estados brasileiros.
“O tratamento do renal crônico tem alto custo, visto que 90% dos insumos medicamentosos são importados e o valor individual por paciente sai por R$ 280 reais, enquanto que o SUS só repassa R$ 194 reais. Desta forma muitas clínicas fecharam ou então deixaram de oferecer o atendimento pelo sistema”, explica.
CENÁRIO REGIONAL
A médica esclarece que em função da falta de vagas nas clínicas fez com diminuiu o número de sessões, o que é preocupante, considerando a resposta de cada paciente ao tratamento. “O ideal é que sejam realizadas três sessões com quatro horas de duração e para dar oportunidade para mais pessoas, o número foi reduzido para duas vezes na semana, com duas horas de duração”, revela.
Um ponto de apoio importante para os pacientes é a Abrec que há 30 anos funciona em Campo Grande, proporcionando apoio aos doentes renais e suas famílias. “Nosso objetivo é oferecer qualidade de vida para estas pessoas, então contamos com ajuda de muitos parceiros para funcionar. Damos assistência multidisciplinar para centenas de renais crônicos carentes da capital e interior do Estado”, acrescenta Cida.
EXEMPLO DE VIDA
O cinegrafista Jairton Bezerra, 44 anos, descobriu há quatro anos que sofria da doença em razão de ter pressão alta e viu sua rotina mudar, visto que perdeu consideravelmente o funcionamento dos rins.
“Meu cotidiano mudou totalmente, pois, tenho que fazer diálise três vezes por semana durante quatro horas. Agradeço a Deus por conseguir atendimento no Hospital Regional e lá observo que muitas pessoas chegam assustadas com o diagnóstico. Acredito que é importante investir em mais esclarecimentos sobre a doença renal e o que ocasiona, pois, na minha situação só fui perceber quando o quadro estava bem complicado”, ressalta o paciente.
A nova realidade fez com que Jairton pesquisasse mais sobre a doença e aponta outras necessidades dos renais crônicos. “No meu caso eu preciso de transplante, mas, a fila é imensa e o procedimento não é realizado aqui no Estado. Então seria fundamental a criação de um hospital especializado. Quando um paciente consegue o órgão tem que arcar com custos de passagem e hospedagem, sem contar a medicação que é muito cara”, pontua.
PARCEIROS
No dia 10 de maio, uma lei municipal aprovada na Câmara Municipal concederá 50% de desconto no consumo de água e esgoto das clínicas que oferecem serviço de terapia renal substitutiva em Campo Grande, com atendimento feito pelo Sistema Único de Saude (SUS). A proposição foi feita pelo vereador Otávio Trad (PTB), por intermédio do projeto de lei n. 8.904/18.
Na avaliação do autor da lei, o projeto tem como objetivo garantir que as clínicas de terapia renal de Campo Grande continuem atendendo pacientes pelo SUS. “Este projeto vai permitir que as clínicas mantenham o tratamento oferecido aos pacientes renais crônicos por meio do SUS, por isso entendemos a importância de sua aprovação”, observa Trad.
Para se ter uma ideia da importância do desconto oferecido pela concessionária, cada paciente consome por sessão, três mil litros de água que deve apresentar um alto teor de pureza e qualidade.
A presidente da Abrec comemora o sancionamento da lei e conta que o próximo passo é conseguir apoio da assembleia legislativa para aprovar a diminuição do ISS cobrado das clínicas. “Alguns estados já conseguiram isenção do tributo, mas, estamos solicitando apoio para reduzir o percentual de 5% para 2,5%. Se for aprovado reduzirá ainda mais os custos mensais das clínicas, garantindo o funcionamento aos pacientes”, conclui.
SOBRE A DOENÇA RENAL
A doença renal crônica se caracteriza por uma lesão renal pontuada pela perda progressiva e irreversível da função dos rins. As duas principais causas de insuficiência renal crônica são a hipertensão arterial e o diabetes mellitus, e por isso, faz-se necessário diagnosticar o quanto antes qualquer alteração ou sintoma que possa evoluir para a doença.
Geralmente quando a enfermidade é detectada, o paciente já perdeu mais de 50% de sua função renal e nesta situação é possível realizar o tratamento com medicamento e dieta. Entretanto, quando a função renal reduz para 15% torna-se necessário o tratamento dialítico, ou seja, filtragem do sangue por outros meios que substituem os rins ou o transplante renal.
Esta terapia substitui parcialmente a função dos rins doentes, retirando o excesso de toxinas, água, sal e outras substâncias com a ajuda de um dialisador (capilar ou filtro).
Fonte: Correio do Estado – https://www.correiodoestado.com.br/cidades/sessoes-de-hemodialise-sao-reduzidas-na-capital-por-falta-de-vagas/328804/ – 29/05/2018