Nefrologia do SESARAM já tem 80 transplantados

0
175

Em seis meses, o número de novos transplantados superou o esperado para um ano. O crescimento deve-se à crescente chegada de doentes vindos da Venezuela , também para diálise.
O número de hemodialisados e de transplantados renais, a que o Serviço de Nefrologia do SESARAM tem de dar resposta, continua a crescer significativamente. Só nos últimos seis meses, entraram nas lista de transplantados dez pessoas. Um número que, numa situação normal, deveria corresponder a um ano.
O crescimento anormal acontece há sensivelmente três anos e tem vindo a preocupar o serviço de saúde, por várias ordens de razão: coloca pressão sobre os recursos humanos, que se começam a revelar escassos, e obrigam a gastos que saem da média de uma população como a madeirense.
A anormalidade do crescimento acontece devido à vinda para a Madeira de residentes na Venezuela, com o objectivo específico de obter cuidados de saúde na área da Nefrologia.
Muitos vêm para fazer hemodiálise, outros para terem medicação e serem acompanhados após aos transplantes que já realizaram.
Ao contrário do que se poderia supor, a vinda para a Madeira não é, muitas vezes, a primeira opção. O DIÁRIO sabe que, em especial, entre os transplantados, há muitos que, numa primeira fase, recorrem a Miami, nos Estados Unidos da América, nomeadamente, para os procedimentos de controlo regular / vigilância. Mas, como a situação política e consequentemente a do sistema de saúde venezuelano se tem vindo a degradar, as pessoas acabam por não conseguir custear a ida regular aos Estados Unidos e optam por vir para a Madeira. Cá, os ex-emigrantes têm direito de acesso ao sistema de saúde como os residentes.
Muitos chegam numa situação muito complicada, grandemente descompensados, o que obriga, pelos menos temporariamente, a cuidados redobrados, por parte do SESARAM.
Actualmente, a Nefrologia do SESARAM acompanha 80 transplantados renais. Há escassos seis meses, eram 70.
O Hospital Dr. Nélio Mendonça foi pioneiro no País a seguir doentes transplantados noutras unidades. Uma experiência que, há sensivelmente dois anos, começou a ser replicada.
Também na hemodiálise existe pressão sobre os serviços, mas, neste caso, o regime de convenção com o sector privado permite ‘respirar’, ainda que, do ponto de vista orçamental seja exactamente ao contrário.
Há sensivelmente um ano, o director do Serviço de Nefrologia, no âmbito das II Jornadas de Nefrologia, revelava que a Madeira tem cerca de 500 doentes com insuficiência renal e que, desses, 250 necessitavam de hemodiálise. O DIÁRIO sabe que o número tem vindo a sofrer oscilações, mas que a tendência é crescente, também pela pressão causada pela imigração venezuelana.
Há alguns anos que o Serviço de Nefrologia tem vindo a trabalhar no limite da capacidade instalada, de acordo com o que tem vindo a ser afirmado pelas autoridades de saúde.
20 máquinas na Madeira e 8 no Porto Santo
A hemodiálise dos doentes renais crónicos (dos que necessitam) da Madeira é feita no Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Centro de Saúde do Porto Santo e no sector privado.
As regras do envio para o privado mudaram no ano passado, tendo passado a haver prestação de serviços por convenção, em vez do concurso. Ainda assim, na prática, pouco mudou, continuando a prestação a cargo da Nephrocare da multinacional Fresenius.
No Hospital Dr. Nélio Mendonça, na dependência directa do SESARAM, existem 20 máquinas de hemodiálise e no Porto Santo seis. Mas com as remodelações, vão passar a oito. As 20 máquinas permitem fazer a hemodiálise a cerca de 60 doentes crónicos, mais as situações que resultam da urgência e dos internamentos.
Das 20 máquinas do hospital, três são usadas para doentes hemodialisados com condições específicas, como os portadores de HIV ou com algumas hepatites, e dois monitores têm de ficar sempre de reserva para o caso de acontecer alguma avaria quando um doente está a ser hemodialisado.
A sessões de hemodiálise têm uma duração muito diferente. Enquanto uma sessão a um doente crónico dura, em média, três a quatro horas, a um doente agudo uma sessão pode ser de oito a dez horas.
Fonte: DNotícias PT – http://www.dnoticias.pt/impressa/hemeroteca/diario-de-noticias/nefrologia-do-sesaram-ja-tem-80-transplantados-EL3148226 – 16/05/2018