Centro de Nefrologia de Campo Limpo inaugurado há dois anos tem 26 máquinas de hemodiálise e capacidade para atender 75 pacientes por dia. No entanto, clínica diz que não há verba para começar a funcionar.
Os moradores de Campo Limpo Paulista (SP) que precisam fazer tratamento de hemodiálise continuam enfrentando uma rotina desgastante para receber o atendimento.
Quase dois anos após a inauguração do Centro de Nefrologia da cidade, os pacientes ainda precisam viajar para outras cidades para receber o atendimento.
A hemodiálise é feita em pacientes que têm problemas nos rins. A máquina limpa e filtra o sangue dos pacientes em um procedimento que dura cerca de duas horas.
O Centro de Nefrologia foi inaugurado em fevereiro de 2016 e tem todos os equipamentos necessários, mas nunca atendeu ninguém.
Em maio de 2017, a prefeitura disse que precisava da aprovação da Secretaria Estadual de Saúde. Segundo a administração municipal, a documentação já foi aprovada, mas o problema atual é a falta de repasse de dinheiro do Ministério da Saúde.
Rotina cansativa
Enquanto o espaço continua sem ser utilizado, os pacientes acordam de madrugada e ficam horas fora de casa para receber o atendimento.
É o caso da aposentada Maria Aparecida Guado, de 70 anos, que há cinco anos acorda às 3h, três vezes por semana, para fazer o tratamento de hemodiálise em Jundiaí (SP).
“Tenho diabetes, fiz duas cirurgias no coração, fiz várias outras cirurgias, tenho artrite, artrose e tendinite. A gente é velho e levanta cedo para ir longe.”
A produção da TV TEM acompanhou a dificuldade dos pacientes na viagem. Eles dizem que querem descansar em casa quando saem da clínica, mas é preciso esperar o ônibus e enfrentar a estrada. Há dias em que o transporte coletivo atrasa ou quebra e a espera é ainda mais longa, o que deixa os usuários frustrados.
Questionado, o Secretário de Saúde de Campo Limpo Paulista, Luiz Ângelo, disse que a secretaria se esforça em fiscalizar os ônibus e conta com a contribuição dos usuários para informar os problemas.
“Nós fazemos a fiscalização com os próprios pacientes que nos passam as informações e nos mantêm totalmente informados. Quando nos informam nós corremos atrás das devidas providências”, explica o secretário.
Clínica parada
A clínica que ganhou a licitação para prestar o atendimento no Centro de Nefrologia de Campo Limpo tem 26 máquinas de hemodiálise e capacidade para atender 75 pacientes por dia.
A aposentada Maria da Lapa faz hemodiálise há 10 anos e foi na inauguração da clínica. Ela disse que acreditava que teria o tratamento perto de sua casa, o que não aconteceu. “É um sentimento de abandono, porque não pensam nos pacientes que precisam do tratamento.”
A clínica passou por vistorias do Corpo de Bombeiros, da Vigilância Sanitária e da Secretaria Estadual de Saúde. Depois da aprovação dos órgãos, foi realizado o pedido de credenciamento ao Ministério da Saúde, mas não houve resposta e as máquinas continuam paradas.
Para que o Centro de Nefrologia funcione, o custo estimado é de cerca de R$ 2 milhões por mês. O Secretário de Saúde diz que a prefeitura não tem como pagar pelo serviço.
Nilso Moreira, dono da clínica que ganhou a licitação, disse que a justificativa do ministério é a falta de verba. “A resposta é que não tem verba no orçamento. A expectativa é que mudando o ano muda-se o orçamento, talvez a gente consiga algo.”
Apesar de não haver uma data definitiva de quando o centro vai funcionar, os pacientes mantêm a esperança de que a clínica comece a atender para que possam receber o tratamento que precisam.
Respostas
O ex-prefeito de Campo Limpo Paulista, José Roberto de Assis, conversou com a TV TEM e explicou que o dinheiro para o funcionamento do centro seria o mesmo que atualmente é aplicado para enviar os pacientes a Jundiaí.
“Para funcionar não precisa de dinheiro novo, é remanejamento de teto. Ficou claro nas atas que era remanejamento de teto e não precisava de dinheiro novo para o centro de hemodiálise funcionar.”
Questionado sobre os motivos de não ter deixado o Centro de Nefrologia funcionando há 10 meses de deixar o cargo na prefeitura, José Roberto alegou questões burocráticas.
“A primeira coisa que a Divisão Regional de Campinas pediu foi a autorização dos bombeiros e nós providenciamos em 30 dias. Nós fomos para Campinas (SP) novamente e eles disseram que não era a prefeitura que tinha que levar a documentação e sim a empresa que ia gerenciar o Centro de Nefrologia.”
Em nota, a Secretaria do Estado de Saúde não respondeu sobre a possibilidade de remanejamento de dinheiro e informou que falta uma habilitação do Ministério da Saúde para o centro.
O Ministério da Saúde informou em nota que não existem pedidos pendentes ou em análise para nenhuma instituição de Campo Limpo Paulista. Também informou que o ministério não pode repassar recursos de custeio a estabelecimentos que não estão funcionando, por isso a unidade de saúde precisa atender a população para que o ministério repasse a verba às secretarias.
Fonte: G1 – https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/pacientes-de-campo-limpo-paulista-viajam-para-ter-atendimento-de-hemodialise.ghtml – 19/03/2018
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