Jornais de Santa Catarina divulgam crise da diálise

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Caos na hemodiálise!
A Sociedade Catarinense de Nefrologia e a ABCDT (Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante) que representam os médicos nefrologistas e as clínicas de hemodiálise em Santa Catarina, vem informar a toda comunidade, que estes serviços, financiados pelo Sistema Único de Saúde/SUS, estão seriamente comprometidos e atravessam o pior cenário econômico já vivido desde a implantação do SUS.O repasse hoje é de R$ 179,00 por sessão quando deveria ser de R$ 257,00 (defasagem de R$78,00). Como cada paciente realiza 13 sessões mensais de hemodiálise, gera um prejuízo de aproximadamente R$ 1.000,00 por paciente/mês. Alem disso o SUS remunera uma consulta médica no valor aviltante de R$ 10,00.
Na tentativa desesperada de corrigir esta situação, a Sociedade Catarinense de Nefrologia preparou um dossiê com uma planilha de custos mostrando a condição insustentável para continuar prestando este serviço à sociedade. O conteúdo relata detalhadamente o endividamento das clínicas junto aos bancos, a dificuldade encontrada com os fornecedores devido aos atrasos nos pagamentos, pedidos de reajuste e até a interrupção da entrega de materiais, medicamentos e insumos, essenciais para a prestação de serviços. Os reajustes salariais deste ano em média estão acima de 10%, e já possuem um acumulado de mais de 40% nestes quatro anos sem reajustes pelo SUS, além da inflação na área da saúde ser historicamente maior que a oficial.
Em março de 2016 este documento foi levado às autoridades competentes, em todas as esferas do poder público, municipal, estadual e federal, que reconheceram a defasagem e a fragilidade que vive o serviço de diálise. Nem uma solução foi proposta, tentada ou sugerida e a resposta que obtivemos foi e tem sido sempre a mesma: “não temos mais recursos” e o jogo de empurra-empurra não tem fim!
O fato é que o poder público está transferindo a responsabilidade do atendimento (e das vidas!) do SUS para as clínicas privadas e filantrópicas sem dar a mínima condição que garanta qualidade e segurança. Não podemos ter o nosso papel invertido, pois somos prestadores de serviço responsáveis pelo tratamento dos pacientes e não financiadores dos mesmos.
Diante deste quadro, a própria imprensa de um modo geral já vem notificando o que está ocorrendo em todo o Brasil: pacientes em fila de espera, clínicas fechando e até mesmo doentes morrendo por falta de tratamento. A pergunta é: vamos cruzar os braços e ver isso acontecer nas nossas cidades e no nosso Estado?
No dia 13 de agosto de 2016, em uma reunião com a presença das clínicas de diálise, foi decidido que no prazo de 30 dias vários serviços não terão mais condições de receber novos pacientes. Alguns tratamentos como a diálise peritoneal já estão comprometidos, pois não serão mais fornecidos pelos fabricantes os materiais necessários para a prestação do serviço a novos pacientes; o que inviabiliza completamente a terapia, que é indicada para pacientes que na sua maioria são crianças, idosos e os que não têm acesso vascular para hemodiálise, ou seja, justamente os que mais sofrem.
É importante ressaltar que pacientes renais, uma vez diagnosticados, e que necessitam de diálise para sua sobrevivência devem realizar com urgência e emergência o tratamento, pois senão correm Risco de Morte.
Por fim, solicitamos às autoridades que coloquem a saúde como uma real prioridade, que não seja só parte de um discurso de ocasião, utilizado nas campanhas eleitorais e depois convenientemente esquecido e deixado de lado. E, sobretudo, pedimos o mínimo de sensibilidade para com essa população tão vulnerável e que depende do SUS para viver.
Temos, portanto o dever de alertar a toda a sociedade para esta grave situação!
Sociedade Catarinense de Nefrologia/SCN
Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante/ABCDT

JORNAL DE SANTA CATARINA

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