Perder um rim compromete a saúde? Entenda casos como o de Isaquias

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Medalhista na canoagem caiu de árvore e perdeu um dos órgãos. De acordo com nefrologista, condição não impossibilita vida saudável.


Isaquias Queiroz, triplo medalhista na canoagem pelo Brasil, perdeu um dos rins aos 10 anos. Ele subiu em uma árvore, se desequilibrou e caiu em cima de uma pedra. Mesmo com apenas um dos órgãos, o baiano se tornou um atleta de alto rendimento e vencedor de Olimpíada. Até onde perder um rim pode comprometer a saúde?
O G1 conversou com a nefrologista Leda Aparecida Daud Lotaif, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Nefrologia. Ela diz que a perda de um dos órgãos por escolha – caso de transplante – ou por trauma não compromete a vida de um indivíduo saudável e não há qualquer tipo de restrição.
“Não tem problema. A pessoa consegue viver perfeitamente com um rim só. O órgão que permanece no corpo sofre o que chamamos de uma hipertrofia. Esse rim aumenta de tamanho e, inclusive, consegue aumentar as funções para compensar o que foi retirado”, disse.
Segundo Lotaif, essa compensação ocorre de forma natural. “Quanto mais cedo você perde o rim, como é o caso desse atleta que perdeu na infância, mais rápido o rim que permaneceu vai se recuperar”.
Lotaif alerta que pacientes com só um dos órgão precisam, apesar de não ter consequências na rotina, fazer um trabalho de prevenção. “Se ele tiver doenças que possam acometer os rins, como diabetes e pressão alta, que são doenças sistêmicas que comprometem as funções, poderá ter uma vulnerabilidade maior”.
A nefrologista recomenda que sejam feitos exames regulares de sangue, urina e imagem (ultrassom), mas diz que isso vale para todos os pacientes, incluindo aqueles com dois rins. É também importante ter um controle da pressão arterial e do índice glicêmico.
Os casos mais comuns de retirada de um dos órgãos ocorrem devido a transplantes, tumores, pedras nos rins e traumas. A perda do órgão de Isaquias é decorrente de um acidente grave, com hemorragia interna após a queda. “No caso dele, ele sofreu um trauma forte. Você precisa ter um trauma importante na região lombar”.
“No esporte dele, ele não tem tanta possibilidade de ter um impacto na região renal. O que a gente orienta para pessoas como ele, que são portadoras de rim único, é que evitem essas atividades que possam levar a perda do outro rim por trauma. Se ele fosse um jogador de futebol, a gente orientaria a não jogar”, completou.
De acordo com a médica, é mais arriscado para um paciente de rim único ser um atleta de esportes como basquete, artes marciais e futebol, em que há risco de acidente na região lombar.
Fonte: G1 – g1.globo.com – 22/08/2016