Instalada na Câmara frente parlamentar de incentivo à doação de órgãos

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Foi lançada, na Câmara dos Deputados, a Frente Parlamentar de Incentivo à Captação e à Doação de Órgãos. O grupo, formado por 250 deputados, iniciou suas atividades, nesta quinta-feira (8), com o apoio do Ministério da Saúde, da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e da Aliança Brasileira de Apoio à Saúde Renal (Abrasrenal), entre outros órgãos e entidades.
O coordenador da frente, deputado Roberto Sales (PRB-RJ), afirmou que os parlamentares vão trabalhar pelo aumento no número de transplantes e de doadores de órgãos no País e pela superação das dificuldades diárias enfrentadas pelos profissionais da área.

Sales também prometeu incentivo a campanhas preventivas de saúde e às chamadas terapias substitutivas, como diálise e hemodiálise, no caso dos rins, por exemplo. "Receberemos propostas, sugestões, denúncias e reclamações e tentaremos, junto ao Ministério da Saúde e outros órgãos, chegar a um consenso", ressaltou.
Em números absolutos, o Brasil só fica atrás dos Estados Unidos na realização de transplantes de órgãos no mundo. A relação entre transplantes e número de habitantes, entretanto, faz o desempenho do País desabar. De janeiro a junho deste ano, foram realizados 3.770 transplantes, porém cerca de 32 mil pacientes ainda aguardavam a vez na lista de espera.
As maiores filas são relativas a rim (19.249), córnea (10.386), fígado (1.448), pâncreas (461), coração (235) e pulmão (201), segundo o Registro Brasileiro de Transplantes (RTB). Além desses órgãos, o País também realiza transplantes de medula óssea e cartilagem.
O próprio deputado Roberto Sales é um transplantado e afirma conhecer bem o drama diário de quem aguarda uma doação de órgão. "Recebi um rim do meu pai. Durante três anos e meio, fiz o tratamento de hemodiálise e fui privilegiado por meu pai, com 74 anos na época, estar disponível para doar. Mas, e aqueles que estão na fila?”, declarou.
Dificuldades
O presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, Luís Pacheco, elogia o fato de o Sistema Único de Saúde (SUS) custear a maior parte das cirurgias no país, porém ressaltou que há gargalos que precisam ser superados. "Quem espera fígado morre na fila esperando. Os que esperam coração e pulmão ficam ligados a uma máquina até transplantar e vão morrer em breve se não houver transplante”, explicou. “O Brasil tem um programa de transplante enorme, que dá orgulho, mas, se a gente olhar o tamanho do País e as necessidades da população, a gente ainda tem muito a fazer", acrescentou.
O coordenador-geral do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da Saúde, Eder Borba, salientou que nos Estados Unidos, líder em transplantes no mundo, as cirurgias são privadas, diferentemente do Brasil. Borba reconheceu, no entanto, dificuldades a serem superadas no País, como a concentração de transplantes nas regiões Sul e Sudeste.
Orçamento
A frente parlamentar prometeu empenho para lutar também contra o corte de recursos orçamentários, o atraso no repasse de verbas, o subfinanciamento e outros gargalos do setor. Hoje, o Sistema Nacional de Transplantes conta com apenas 20 funcionários.
Os deputados também pretendem apresentar emendas ao Orçamento da União para socorrer algumas unidades de saúde em crise, como é o caso do Hospital do Fundão, que pertence à Universidade Federal do Rio de Janeiro. A instituição foi uma das pioneiras na realização de transplante de órgãos no País, porém teve alas recentemente fechadas.
Sobrevida
Alguns médicos transplantadores compareceram ao lançamento da frente e elogiaram a iniciativa. São os casos da coordenadora de transplantes do Hospital São Francisco de Assis, no Rio de Janeiro, Deise de Boni Carvalho; e do diretor-geral do Fundão, Eduardo Côrtes. Eles destacaram que, quanto mais cedo o transplante de órgão, maiores são as chances de sobrevida do paciente.
Também compõem o comando da frente os deputados Vinicius Carvalho (PRB-SP), Christiane de Souza Yared (PTN-PR) e Rubens Otoni (PT-GO).
Fonte: Jornal do Brasil – 13/10/2015 

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