Há um ano e seis meses eles têm que se tratar em cidades vizinhas. Última vítima morreu na sexta-feira (6); segundo grupo, foram 44 ao todo.
Em um ano e meio, 44 pacientes renais de Teresópolis, na Região Serrana do Rio, morreram à espera da construção do Centro de Hemodiálise no município. A contagem é feita pelos próprios pacientes e familiares que lamentam a cada morte. A última foi na sexta-feira (6). “Mais gente vai morrer”, lamenta Luiza Helena Costa, que sofre da doença. A expectativa sobre o Centro diminui a cada prazo prorrogado. A obra seria concluída em setembro do ano passado, mas foi adiada para dezembro e agora está prevista para o fim deste mês, segundo a secretaria de Saúde de Teresópolis.
“Sinceramente, foram tantos prazos que já não acredito mais”, comentou Rosemere de Andrade, de 52 anos. Ela é paciente há cinco anos e desde que saiu do tratamento no Hospital São José, ficou de fora da lista de transplante. Atualmente, os pacientes têm que viajar cerca de duas horas para ir e mais duas para retornar à Teresópolis. São três viagens por semana, em três grupos separados por turnos.
Além de lidar com o cansaço gerado pelo próprio tratamento, eles têm que aguentar o estresse da viagem.
“Todo mundo fica muito debilitado. Acabamos conhecendo os pacientes e vemos que vão definhando, por isso, muitos morrem. Se o tratamento fosse na cidade, com certeza não ficaríamos tão abatidos”, relatou Rosemere, que teve que largar a profissão de cabeleireira para se tratar.
Outra preocupação é com a falta de um hospital focado nesse tratamento na cidade. “Temos que ter um hospital de apoio. Se passamos mal aqui em Teresópolis, somos levados para a UPA. Lá eles não sabem o que fazer com os pacientes renais”, lamentou Janete de Oliveira Ribeiro, que em setembro deste ano completa 10 anos de tratamento, sendo oito na fila de espera por um rim.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Teresópolis informou que o projeto básico para construção do Centro de Hemodiálise veio do Governo do Estado, mas devido à topografia do terreno, foram necessárias adaptações. De acordo com a secretaria, será contratada uma empresa para equipar e administrar o Centro. A forma de contratação será definida pelo Governo do Estado nos próximos dias. A partir daí, será solicitada autorização à Secretaria de Estado de Saúde para o funcionamento do Centro de Hemodiálise.
Fonte: G1 – 11/03/2015