Liberdade e qualidade de vida aos pacientes renais

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Diálise peritoneal é alternativa pouco conhecida às sessões de hemodiálise.
Quando a capacidade dos rins de um paciente chega a 15% ou menos é necessário iniciar um tratamento que substitua a função renal, filtrando as toxinas do corpo. Na terapia mais conhecida, a hemodiálise, uma máquina faz esse trabalho em sessões de filtragem do sangue, que podem durar até quatro horas, repetidas três vezes por semana. Por conta disso, é comum que as terapias às quais são sujeitos os pacientes renais crônicos sejam associadas à perda de liberdade e qualidade de vida.
De acordo com a médica nefrologista e presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Carmen Tzanno, isso não é verdade. “Qualquer uma das terapias renais substitutivas garante boa qualidade de vida. Para isso, é importante o acompanhamento de um profissional. O tipo de diálise depende das condições clínicas do paciente”, afirma.

Uma das opções disponíveis é a diálise peritoneal, técnica que utiliza uma membrana do próprio corpo para filtrar toxinas. Após uma pequena cirurgia ambulatorial para a introdução de um cateter no abdômen, chamado de acesso, o tratamento começa com uma solução de diálise peritoneal. Esse líquido flui para dentro e para fora da cavidade peritoneal através do cateter, retirando as toxinas. A solução que contém os resíduos é drenada do peritônio e, após algumas horas, substituída por uma solução limpa.
O presidente da Federação Nacional das Associações de Pacientes Renais e Transplantados do Brasil (Fenapar), Renato de Jesus Padilha, explica que dessa forma os ganhos de liberdade são enormes. “Após um processo de treinamento na unidade de diálise, o paciente pode assumir seu próprio tratamento, fazendo a substituição do fluído peritoneal em sua própria residência.”
Liberdade e dedicação
Padilha conta que a possibilidade de continuar o tratamento em casa favorece a independência e a flexibilidade, elementos importantes para a manutenção da qualidade de vida. “É fácil ajustar o esquema de tratamento de acordo com a agenda de trabalho, escola e até mesmo planos de viagem. O paciente renal só precisa realizar as trocas do fluído, um processo que é repetido quatro vezes por dia, em média, e leva 30 minutos”, explica o presidente da Fenapar.
Para que o tratamento funcione, é preciso dedicação do paciente, que deve saber manusear as bolsas de fluídos cuidando de sua higiene. Segundo Padilha, esse não é nenhum impedimento para os pacientes renais. “Eles já estão acostumados a uma rotina de normas e disciplina com medicamentos e alimentação, não seria nenhuma dificuldade para eles cuidar da própria diálise, principalmente frente aos ganhos”.
Melhores condições
Em março de 2014 o Ministério da Saúde publicou a portaria nº 389/14, propondo que as clínicas prestadoras do SUS façam o atendimento ambulatorial pré-diálise com uma equipe multiprofissional, formada por médico nefrologista, psicólogo, assistente sociale nutricionista. Outra meta fixada é que em dois anos pelo menos 25% dos pacientes renais sejam tratados com diálise peritoneal.
Para o médico nefrologista e presidente da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), Hélio Vida Cassi, as propostas de tratamento integral são muito positivas para a população, mas insustentáveis financeiramente nos parâmetros atuais. “Seria um avanço enorme em relação à prevenção e ao tratamento das doenças renais no Brasil, sem dúvida. Mas é fundamental que o Ministério perceba que as condições às quais as clínicas são submetidas inviabilizam totalmente que a portaria nº389/14 seja colocada em prática”.
Ele explica que há uma defasagem entre os reajustes dos valores repassados pelo governo para as clínicas pelos tratamentos realizados e dos gastos envolvidos no tratamento. No caso da diálise peritoneal houve o reajuste no valor dos procedimentos, como a implantação de cateter, mas não no do tratamento em si.
“Essa discrepância inviabiliza o crescimento no número de clínicas, algo que é muito negativo para a população. No período entre 2000 e 2014 o montante de pacientes renais subiu 134%, enquanto o de clínicas aumentou apenas 41,98%”, finaliza.
Informações para a imprensa:
Matheus Steinmeier – RS Press
Tel.: (11) 3875-6296
Fonte: Maxpress – 11/03/2015 

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