Comparado com um "ataque do coração", jogador teve um "ataque do rim"
Internado desde o último dia 24 de novembro por conta de uma infecção renal, o ex-jogador de futebol Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, passou por procedimentos de terapia de reposição renal indicados para pacientes de alto risco. A Injúria Renal Aguda, doença que afeta os rins, é silenciosa e se manifesta já em estágio grave, geralmente em quadros de infecção generalizada.
O ocorrido com o jogador pode ser comparado a um ataque cardíaco; as causas são muito diferentes, mas a consequência é a mesma, órgãos vitais de repente param de funcionar.
Diferentemente da hemodiálise comum, utilizada no tratamento de pacientes com doenças renais crônicas, a equipe de nefrologistas do Hospital Albert Einstein optou pela hemofiltração veno-venosa contínua, indicada para pacientes com injúria renal aguda em estado grave.
Segundo o nefrologista Emmanuel Burdmann, membro da Comissão de Injúria Renal Aguda da Sociedade Internacional de Nefrologia (ISN, na sigla em inglês), a diferença entre as máquinas de hemodiálise comuns e a que foi utilizada no caso do Pelé, de acordo com os boletins do hospital, é que “o aparelho realiza a filtração do sangue com menor agressividade, aumentando os níveis de segurança do procedimento”. O médico esclarece que esta máquina, referência em tecnologia no mercado, foi desenvolvida justamente para casos semelhantes ao do Pelé. “É um tipo de diálise contínua (lenta), que pode ficar em funcionamento durante dias. A máquina possui regulagens e dispositivos que a tornam mais segura neste tipo de situação”, esclarece o especialista.
Hoje no Brasil aproximadamente 10% dos pacientes internados em hospitais renomados apresentam a doença durante a internação. Por conta de casos como o do “Pelé” e o de outros ocorrendo em países em desenvolvimento que a International Society of Nephrology (ISN) desencadeou este ano a campanha 0by25 (Zero preventable deaths from AKI by 2025), na qual a intenção é que ocorra nenhuma morte evitável por injúria renal aguda. “A campanha é muito importante porque é uma doença mais comum do que as pessoas imaginam”, comenta Burdmann.
Fonte: Maxpress – 08/12/2014