Com dificuldade de locomoção, eles dependem de ônibus desde maio.
Para nova adesão ao serviço, casos devem passar por nova análise médica.
Pacientes fazem hemodiálise reclamam que o transporte até a clínica foi cortado em maio pela prefeitura de São José dos Campos(SP). Com dificuldade para se locomover, eles dependem do transporte público ou pagam transporte particular.
A aposentada Josilene Santos, de 40 anos, faz hemodiálise três vezes por semana. Ela anda de muletas há 22 anos, desde que teve um tumor no fêmur. "Cortaram a van de algumas pessoas e falaram que a van é prioridade para cadeirantes", afirmou. No dia em que realiza a hemodiálise, a rotina da aposentada começa às 5h30 da manhã.
Josilene conta descobriu que tinha insuficiência renal em 2004, o problema obrigou ela fazer hemodiálise até 2008, quando conseguiu um transplante de um rim. Só que há dois anos, o rim parou de funcionar e ela voltou para a fila de espera e para a hemodiálise. "Venho para fazer um procedimento que vai cansar e já chego bem cansada", disse. O percurso até a clínica dura uma hora e é feito em dois ônibus diferentes.
Jorge Agostinho perdeu o direito ao transporte especial. Ele tem 67 anos e desde 2009 faz o que pode para não perder as sessões de hemodiálise. "Eu paguei táxi, porque estava vindo de ônibus e o dificil pra mim é da minha casa até o ponto de ônibus. É dificil pra um aposentado pagar táxi todo dia", afirmou.
Insuficiência renal
A nefrologista Ivete Sattelmayer explica que a insuficiência renal pode ser provocada por vários fatores, entre eles hipertensão e diabetes e que quando isso acontece, os rins do paciente param de funcionar e para sobreviver ele precisa da hemodiálise.
"É um filtro que tira as impurezas e água. O paciente que faz hemodiálise, principalmente os que fazem há muito tempo, param de urinar. Então precisa tirar o líquido em excesso do organismo. Eles vêm pra máquina três vezes por semana para fazer quatro horas por vez. Alguns sentem mal estar, cai a pressão, ficam mais fracos, fica um certo desconforto", afirmou a médica.
Para quem faz esse procedimento, voltar para a casa é uma das partes mais complicadas do processo. "Essa hora é a que faz mais falta [o transporte]. Agora estou meio baqueada porque dá tontura e a gente tá com fome. É como se a gente fizesse exercício físico. Depois ter que sair e pegar ônibus, tem que ser um lutador, ainda bem que sou brasileira e não desisto nunca", disse Josilane.
Outro lado
Segundo o secretário de Transportes, Luiz Marcelo Silva Santos, responsável pelo transporte dos pacientes, o serviço de triagem é definido por critérios médicos. "Essas pessoas passam por uma perícia e é isso que determina quem vai usar o transporte. O transporte não é voltado para as pessoas que fazem uso da hemodiálise, é um serviço para pessoas portadoras de mobilidade reduzida severa, que não podem utilizar o transporte público", afirmou.
Segundo ele, essas pessoas que perderam o direito do transporte devem passar por uma nova análise médica. "Se elas tinham o direito e passaram não ter, provavelmente isso decorre do estado em que ela se encontrava no momento da perícia. Esse quadro mudou e isso precisa ser colocado em análise médica", disse o secretário.
Sobre os casos dos pacientes apresentados na reportagem, a secretaria informou que está em contato com o paciente Jorge para avaliar a situação dele. No caso de Josilene, eles informaram que o pedido médico não foi aceito pelo perito.
Fonte: G1 – 23/07/2014