Silenciosas e perigosas

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Estudo da Sociedade Brasileira de Nefrologia mostra que, a cada grupo de um milhão de pessoas, 400 já estão em tratamento de diálise
Febre, dor de cabeça, dor pelo corpo. Esses são alguns dos sinais mais comuns do corpo humano para avisar que algo não vai bem. Mas e quando eles não aparecem? Ou quando a doença é descoberta, muitas vezes em um estado crítico, podendo até levar a morte? As doenças renais, são assim, surgem de forma silenciosa, e, quando diagnosticada, em sua grande maioria, tardiamente, já podem estar em estado avançando e comprometido a função dos rins. Em muitos casos os tratamentos possíveis são a diálise ou transplante do órgão.

Segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Nefrologia, a cada grupo de um milhão de pessoas, 400 já estão em tratamento de diálise e esse número aumenta 8% ao ano. Mas, se o diagnostico for feito na fase inicial da doença, pode ser controlada e tratada. A doença renal crônica é uma lesão renal que resulta na perda progressiva e irreversível da função dos rins.
Ainda conforme o estudo, apenas 30% dos pacientes conhecem o próprio diagnóstico, o que dificulta o tratamento e possibilita a morte prematura. Por isso, a importância de redobrar a atenção com a saúde, ir ao médico periodicamente e vale lembrar que quinta-feira, 13, é o Dia Mundial do Rim.
O nefrologista Peter Fitzpatrick, diretor médico dos serviços de diálise da Clínica Mayo, de Jacksonville, na Flórida (EUA), em entrevista à reportagem do Diário da Manhã explica a doença renal e como é tratada.
Diário da Manhã: Como a doença renal afeta o organismo?
Peter Fitzpatrick: A doença renal impacta o organismo de diversas formas, especialmente quando há liberação de proteínas na urina (proteinúria), aumentando os riscos de desenvolvimento de cardiopatia coronariana. A doença também aumenta riscos de morte e, ainda, de complicações cardiovasculares durante uma cirurgia, por exemplo. Em outros casos pode ocorrer uma calcificação excessiva nas artérias, causando doença arterial periférica e complicações de má circulação. O funcionamento da glândula endócrina também é afetado e pode causar problemas à fertilidade, ao desempenho sexual e à função da tireoide. O sistema nervoso também pode ser afetado, levando a sintomas como entorpecimento nas extremidades (neuropatia), confusão ou letargia.
DM: Existem outros fatores de risco?
Fitzpatrick:
Além da hipertensão, o fator de risco mais comum para o desenvolvimento de insuficiência renal é o diabetes. Frequentemente, o diabetes e a hipertensão ocorrem juntos, aumentando o risco de desenvolver insuficiência renal. Com a atual epidemia de obesidade, que estamos observando, a hipertensão e o diabetes estão se tornando muito comuns. Outros fatores de risco incluem distúrbios no sistema autoimune, como lúpus, uso prolongado de Aine’s (anti-inflamatórios não esteroides), histórico familiar de doença renal e baixo peso ao nascimento.
DM: Qual é a relação entre hipertensão arterial e insuficiência renal?
Fitzpatrick: A hipertensão é uma das causas mais comuns de insuficiência renal e, uma vez que a função do rim é reduzida, a hipertensão arterial pode ser mais difícil de controlar. Assim, controlar a hipertensão antes que resulte em perda da função do rim é um aspecto importante da preservação da função dos rins.
DM: Quais são os exames disponíveis para detectar a doença renal. Quem deveria fazer esses exames e com qual frequência?
Fitzpatrick: Exames padrão de laboratório são usados para detectar doenças renais. Eles incluem avaliação do nível de creatinina para a função dos rins. Outros exames são a urinálise – exame físico, químico ou microscópico da urina – e o da relação albumina/creatinina, para buscar marcadores de lesão dos rins, especificamente proteínas e células sanguíneas na urina. Um ultrassom dos rins também pode ser necessário, se forem encontradas anormalidades nos testes padrão de laboratório. Pessoas com boa saúde, em geral, devem fazer exames de detecção a cada um ou dois anos, como parte de seus exames médicos de rotina. Pessoas em risco de desenvolver doença renal, como os diabéticos ou hipertensos, devem fazer esses testes pelo menos uma vez por ano.
DM: Qual a finalidade da diálise?
Fitzpatrick:
A diálise é uma terapia médica para tratar pessoas com insuficiência renal. A finalidade é realizar algumas das funções dos rins normais, predominantemente a eliminação de substâncias tóxicas do sangue e o excesso de líquidos no corpo.
DM: Este tipo de tratamento é eficaz?
Fitzpatrick:
O tratamento é muito eficaz para insuficiência renal. Sem o tratamento pacientes poderiam morrer de insuficiência renal, no entanto, muitos vivem suas vidas de forma produtiva com a terapia da diálise. É preciso deixar claro que a diálise não cura a doença do rim. É apenas uma substituta para a função normal dos rins.
DM: Qual recomendação daria para pacientes em diálise?
Fitzpatrick:
Aconselharia a cada paciente de doença renal discutir as opções de diálise com um nefrologista, bem antes de iniciar o tratamento. Essa discussão deveria se dar em um período de, pelo menos, nove a 12 meses antes de a diálise se tornar necessária. Os pacientes precisam decidir a melhor forma, se querem fazer hemodiálise ou diálise peritoneal ou, ainda, se um transplante pode ser a melhor opção para eles. Se a hemodiálise for escolhida, recomendaria a realização de uma fístula para acesso à diálise. Mas esse procedimento precisa ser criada por um cirurgião vascular, que irá conectar, cirurgicamente, uma artéria a uma veia no braço do paciente, para criar um vaso de alto fluxo. A fístula é a forma mais confiável e sem problemas de criar um acesso para a hemodiálise.
Fonte: DM.COM.BR/CIDADES – 10/03/2014

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