Sem diagnóstico precoce, crescem casos de doença renal

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Estado é retrato do país, onde, de cada 10 pessoas, uma pode ter patologia nos órgãos.
Mato Grosso tem hoje cerca de 2.200 pacientes em programas de diálise (filtragem do sangue) devido a alguma enfermidade nos rins. O dado é da unidade da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) no Estado.
O número, segundo a presidente da entidade em Mato Grosso, médica Paulete Dossena, até poderia ser maior. O problema, no entanto, é a falta de um diagnóstico precoce, que reflete em um tratamento tardio.
Dados nacionais da SBN indicam, por exemplo, que um em cada dez brasileiros tem problemas nos rins.

Além disso, mais de 70% dos 100 mil pacientes brasileiros, hoje em diálise no país, descobriram a doença quando os órgãos já estavam gravemente comprometidos.
A máxima médica de que, quanto mais cedo se descobre uma doença, com mais chances de ser amenizada ou curada ela fica, de acordo com Paulete, continua sendo real e o retrato das doenças renais.
Outra dificuldade, neste caso, é a falta de informação sobre o que é e como são as doenças renais.
“O diagnóstico para se descobrir se alguém tem ou não problema nos rins é fácil. Um exame de urina ou a dosagem de creatinina já revelam. Não são exames caros e qualquer posto de Saúde da rede pública pode fazer. O problema é que faltam campanhas de prevenção e falta informação dos próprios profissionais”, afirmou.
Epidemia
Os principais fatores de riscos para o desenvolvimento de doenças renais são a hipertensão arterial, o diabetes, a obesidade, o tabagismo e a presença de histórico familiar de doença renal.
As doenças em si podem ser nefrite, o cisto nos rins, pedra nos rins e insuficiência renal, por exemplo.
Sem relacionar o histórico dos fatores com os órgãos, a história pode ter um final infeliz.
“Sem um diagnóstico preciso, a maioria dos pacientes morre sem sequer ter acesso à diálise, o principal tratamento da doença em estágio avançado”, explicou o nefrologista Daniel Rinaldi dos Santos, presidente nacional da SBN.
Para a presidente da entidade em Mato Grosso, se o Governo Federal, via Ministério da Saúde, e os governos estaduais e municipais colocassem as doenças renais no mesmo patamar que colocam a prevenção do diabetes, da hipertensão e do HIV, por exemplo, o avanço seria enorme.
“Existe uma desinformação absurda. Desde 2006, quando iniciamos campanhas de prevenção, até hoje, se mudou um pouco, mas as doenças renais podem ser consideradas quase que uma epidemia no país. Falta visão do setor público de as enfermidades são graves”, afirmou.
“Felizmente, tivemos um avanço no final de 2013, quando o Ministério da Saúde inseriu as doenças ligadas aos rins na lista de patologias que precisam ter campanhas de prevenção durante o ano. Porém, ainda falta muito”, avaliou.
Mato Grosso
Comparando-se ao cenário nacional, Mato Grosso não passa por dificuldades no tratamento de diálise, segundo o vice-presidente da Associação dos Pacientes Renais e Transplantados do Estado de Mato Grosso, Edson Moraes.
“Hoje, temos locais para diálise em Cuiabá, Rondonópolis, Tangará da Serra, Cáceres e Sinop. Para o total de pacientes, o número está suficiente e, após a aprovação do nosso estatuto no ano passado, também conseguimos parceria com o Governo do Estado para apoiar e auxiliar pessoas em tratamento”, disse.
Um problema, no entanto, é a inexistência de cirurgias de transplantes de rins no Estado.
“Hoje, temos apenas 30 nefrologistas em Mato Grosso. Mesmo que quiséssemos, seria impossível realizar operações, uma vez que é preciso também uma equipe formada por outros profissionais e, pelo volume de transplantes necessários, não teríamos capacidade. Mas, sem dúvida, o transplante é o caminho mais seguro para os pacientes”, disse Paulete.
Um dos exemplos é a primeira-dama da Capital, Virginia Mendes, que, em função de uma doença renal policística, retirou os rins no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no mês passado, e agora aguarda o transplante.
A cirurgia
Segundo a médica Paulete Dossena, uma pessoa que realiza diálise tem reposta as funções dos rins em até 30%.
Já uma pessoa transplantada tem as funções repostas em até 100% e consegue uma qualidade de vida razoável.
“Com o rim transplantado, o tempo de sobrevida também tem crescido no país. Antes, a média era de 25 anos e, agora, sobe a cada ano com novos medicamentos e novas técnicas”, explicou.
Até mesmo a fila de espera tem apresentado melhoras, conforme a médica.
“Antes pacientes renais esperavam cinco anos ou mais para conseguir uma cirurgia. Hoje, o tempo é de dois ou três anos”, completou.
Fonte: Midia News – 10/03/2014  

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