Laboratório, ministério e empresa Lifemed, sediada em Pelotas, fecham hoje parceria para nacionalizar tecnologia nos próximos anos
A parceria firmada entre o Ministério da Saúde (MS) e o Laboratório Farmacêutico do Rio Grande do Sul (Lafergs) para a fabricação de filtros para hemodiálise será oficialmente assinada hoje, em Brasília. O laboratório, o governo federal e a empresa gaúcha Lifemed, sediada em Pelotas, irão assumir um Termo de Compromisso visando à nacionalização da tecnologia de fabricação de filtros dialisadores e de máquina de hemodiálise. Com isso, as clínicas deverão passar a receber gratuitamente o produto.
Por meio da Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP), a Lifemed terá como responsabilidade a busca de investimento e a transferência de tecnologia para a fabricação do filtro junto ao Lafergs após dois anos (a partir de hoje). O ministério, que vem sendo cobrado por parte das clínicas de hemodiálise no País para que o valor do procedimento seja reajustado, passará a fornecer sem custo os filtros usados no SUS.
Um filtro custa, em média, entre R$ 22,00 e R$ 130,00. Um paciente faz até 12 sessões de hemodiálise por mês, usando o mesmo filtro, que dura um mês. Depois que termina uma sessão, a clínica lava o filtro, que é de uso pessoal, com produtos especiais e guarda-o para o retorno do paciente. O maior risco da hemodiálise reside justamente no perigo da contaminação do filtro. Por conta disso, existe no mercado uma tendência de uso único do dialisador. Inclusive, já há empresas privadas comercializando o produto por R$ 19,00 a unidade.
O governo se beneficia da economia de escala e economiza divisas. Por outro lado, o paciente terá acesso ampliado e perspectiva de melhoria na expectativa de vida à medida que o sistema migrar para a utilização única do filtro. Por sua vez, para os prestadores de serviço, a disponibilização do material pode representar um aumento indireto na remuneração do procedimento, avalia Paulo Mayorga, diretor do Lafergs.
Dados do Lafergs apontam que no ano de 2012 foram registrados pelo Datasus mais de 12 milhões de procedimentos de hemodiálise no País, o que corresponde a um milhão de filtros – sem contabilizar a perda de material. “O histórico anual de procedimentos aponta crescimento de cerca de 5% ao ano nas sessões de hemodiálise, alcançando o patamar de mais de 20 milhões de sessões em 2023. Neste ritmo, o custo destes procedimentos para o ministério passaria de R$ 2 bilhões em 2012 para mais de R$ 3 bilhões em 2021”, afirma.
Segundo ele, a Parceria de Desenvolvimento Produtivo tem sido uma das principais estratégias adotadas para a reestruturação do Lafergs. “As primeiras três parcerias foram assinadas em abril e atendem à área de medicamentos para doenças negligenciadas. Outros sete projetos relacionados a testes rápidos na área de diagnóstico estão em análise no ministério”.
Fonte: Jornal do Comércio – 11/12/2013
