Segundo associação, médicos do hospital não recebem há meses.
Governo do Estado afirma que verba destinada à saúde seria insuficiente.
Problemas no Hospital Ophir Loyola, emBelém, dificultam a vida de quem precisa fazer um transplante de rim. Segundo a Associação dos Renais Crônicos do Pará, a espera por transplantes é grande porque os médicos não recebem há meses e duas enfermarias do hospital estão interditadas.
Atualmente existem em todo o estado 2.300 pessoas fazendo hemodiálise, sendo que mil delas estão na fila de espera por um transplante aguardando um novo rim. De acordo com a Associação Estadual de Renais Crônicos, a demora para esse transplante é apenas um dos problemas enfrentados pelos renais crônicos que procuram atendimento no Hospital Ophir Loyola.
Em uma reunião no Conselho Estadual de Medicina foi entregue ao Governo do Estado um relatório com os problemas enfrentados pelos pacientes do hospital. Segundo a presidente da Associação dos Renais Crônicos do Pará, Belina Soares, pacientes renais crônicos enfrentam várias dificuldades. "Estamos com pacientes prontos para fazer transplante intervivo e não é feito porque os médicos, desde julho, não recebem seus honorários. Os transplantes de falecidos estão parados porque estão interditadas duas enfermarias no quarto andar, que são seis leitos", afirma Belina.
Segundo o secretário de saúde, Hélio Franco, essa situação será revertida. "Houve uma reunião com a secretaria adjunta e foi acertado que esse problema de pagamento será resolvido. O problema de enfermaria desativada, houve o rompimento de um cano metálico que comprometeu uma estrutura importante do hospital e não é uma coisa simples como imaginávamos no começo", esclarece Franco.
Segundo o governo, o orçamento do Estado para a saúde é de R$ 1,4 bilhão e só a folha salarial é de R$ 800 milhões, comprometendo assim a saúde no estado. "O ideal seria em torno de R$ 2 bilhões para que se tivesse uma estabilidade”, afirma Franco.
O aposentado Jorge Minoa tem 40 anos e há 13 espera um transplante de rim. Há 15 anos ele faz hemodiálise 3 vezes por semana. A marca das agulhas já causaram deformidades no braço dele.
Jorge encara a doença como algo do dia a dia. "Esses três dias que eu sai [para fazer hemodiálise] eu já coloquei na minha cabeça que eu saio para um trabalho. Eu falo para a minha família que eu vou trabalhar e assim eu tenho levado esses 13 anos na espera do transplante e 15 anos na máquina. Eu fico todo dia esperando o telefone tocar aqui em casa com a esperança de que seja da central de órgãos do Ophir Loyola de que é a hora do transplante"", diz o aposentado.
Fonte: G1 – 19/12/2013