O rápido crescimento da doença renal crônica no Brasil e no mundo aponta a necessidade de campanhas preventivas e de tratamento adequado. Estimativas de 2011 revelam que cerca de dez milhões de brasileiros são portadores do mal, e muitos não sabem disso. Os dados foram apresentados pelo doutor em nefrologia Benedito Jorge Pereira, um dos participantes do Simpósio de Nefrologia, que começou nesta segunda-feira (21), na Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna.
Ainda segundo o especialista, a falta de conhecimento sobre a doença, a ausência de modelos de assistência e problemas estruturais são algumas das dificuldades encontradas durante a prevenção e o tratamento da doença renal crônica. “A doença tem maior incidência em pessoas com idade a partir de 40 anos”, informou.
Segundo Benedito Pereira, a doença vem crescendo em países desenvolvidos devido a maus hábitos alimentares, sedentarismo, auto medicação e a falta de acompanhamento de doenças como hipertensão, diabetes e glomerulonefrite. “Trata-se de uma inflamação do glomérulo, unidade funcional do rim formada por um emaranhado de capilares, em que ocorrem a filtragem do sangue e a formação da urina”, explicou.
Para o nefrologista, o Simpósio de Nefrologia da Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna é um momento para chamar atenção para a necessidade de disseminar informações sobre a doença renal crônica. “As filas para tratamento da doença são grandes, e os centros de diálise, insuficientes, por isso é necessário que as pessoas conheçam mais sobre a doença, assim elas se tornam multiplicadoras de informações e ajudam na prevenção”, concluiu.
Simpósio– O Simpósio de Nefrologia prossegue nesta terça-feira (22), no auditório Dr. Ronaldo de Araújo, do Hospital de Clínicas, e tem como tema “Doença renal crônica: da prevenção ao tratamento”. O evento é um espaço para que profissionais que atuam na assistência a pacientes com doenças renais crônicas possam discutir novas formas de tratamento e atendimento.
Durante a abertura do simpósio, o secretário de Estado de Saúde Pública, Hélio Franco, disse que o orçamento destinado pelo governo federal para a saúde pública é baixo. “Precisamos aumentar o conhecimento e investir na prevenção da doença renal crônica. Dessa forma conseguiremos diminuir o número de doentes e os gastos com hemodiálise”, afirmou.
A presidente da Fundação Hospital de Clínicas, Ana Lydia Cabeça, falou da importância da equipe multidisciplinar no tratamento de doentes renais crônicos. “O simpósio é o momento de transmitir conhecimentos e trocar experiências”, frisou, destacando os desafios enfrentados nos dez anos de história da nefrologia na fundação e no Pará. “A princípio o Hospital de Clínicas era um hospital psiquiátrico, e só depois se tornou referência em cardiologia e nefrologia. Desde então temos o compromisso com atendimento de qualidade e com a formação de profissionais para atuar no Sistema Único de Saúde (SUS)”, asseverou.
Em 2011, foi fundada a Clínica de Hemodiálise Dr. Monteiro Leite, anexo do Hospital de Clínicas, localizada na Rua dos Mundurucus. “A unidade foi criada para atender as necessidades dos nossos pacientes renais crônicos”, concluiu Ana Lydia. O Hospital de Clínicas, que é referência em nefrologia, tem 16 máquinas de diálise, e o Centro de Hemodiálise Monteiro Leite, 35.
A programação segue com palestras sobre controle de infecção em diálise e biossegurança, abordagem multiprofissional em terapia renal substitutiva, tratamento da hipertensão intradialítica, risco cardiovascular em pacientes renais crônicos, manejo dos acessos vasculares para hemodiálise e tratamento renal: desafios e enfrentamentos.
Fonte: Agência Pará – 22/10/2013