Em 6 meses, 11 renais morrem na fila do transplante em Dourados

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De 180 pacientes renais crônicos apenas 5 realizaram transplantes. Também não há vagas na hemodiálise.
A falta de estrutura no sistema de transplantes de rim está custando a vida de pacientes. Em Dourados, somente no primeiro semestre deste ano, 11 renais crônicos morreram na fila do transplante.

O fato mais preocupante é que a fila não anda. De 180 pacientes renais atendidos em Dourados apenas 5 passaram por transplantes este ano.
O número é considerado ínfimo para a demanda. Para o presidente da Associação dos Renais Crônicos de Dourados (Renasul), José Feliciano Paiva, falta estrutura em todo o tipo de serviço prestado aos renais e o mais grave é que o problema não acaba após o transplante, já que hoje mais de 50 transplantados são obrigados a fazer acompanhamento em Campo Grande, porque Dourados não dispõe de estrutura clínica.
Segundo ele, o problema do paciente começa quando é diagnosticado. “Em Dourados não há mais vagas na hemodiálise e 46 pacientes que deveriam ser atendidos no município são encaminhados para Ponta Porã. O número máximo de atendimentos é de 200 por clínica. Este número já foi atingido em Dourados e está para se esgotar em Ponta Porã.
A solução será buscar vagas em Campo Grande, que também enfrenta escassez. Nem a ampliação da Clínida do Rim, que vai gerar 30 novas vagas, será capaz de atender a demanda de 46 pacientes e o mais revoltante é que tudo isto ocorre com Dourados tendo uma Clínica recém-construída e que ainda não está credenciada pelo Sus por falta de agilidade política”, lamenta.
Além da falta de vagas, o paciente sofre com a locomoção três vezes por semana de ônibus, onde depois da viagem longa, fica 4 horas em um aparelho de hemodiálise. “O desconforto faz com que muitos desistam do tratamento sacrificante, que muitas vezes impede até os familiares de continuar trabalhando. Muitos vivem da aposentadoria, cujo dinheiro mal dá para comprar os medicamentos”, destaca.
Transplantes
Atualmente dos 180 pacientes, 36 estão cadastrados para transplante através de doador cadáver e outros 15 para doado vivo; um total de 51 cadastrados. O restante decidiu não se cadastrar por medo da cirurgia ou por contraindicação no caso de outras patologias.
Para Feliciano, os representantes políticos de Dourados precisam começar a se mexer de fato para credenciar o mais rápido a nova Clínica do Rim recém-criada no município. Além disso, começarem a trabalhar pela implantação do serviço de transplantes em Dourados, que atende outros 33 municípios e hoje depende de Campo Grande. “Também não há uma equipe de acompanhamento para incentivar as famílias a fazer a doação de órgãos de parentes com morte encefálica e tão pouco para agir com mais afincuo para incientivar os renais sobre a importancia do transplante. Hoje apenas o que temos é uma equipe de captação de órgão que atua no Hospital da Vida, Evangélico e Universitário”, lamenta.
“Os renais não podem esperar mais. Estamos falando de vidas que estão se perdendo”, desabafa, lembrando que está preocupado com o atraso na ativação das novas 5 máquinas de hemodiálise na Clínica do Rim. A ampliação de vagas deveria ter ocorrido em dezembro de 2012, mas as obras não finalizaram ainda.
Fonte: O Progresso – 23/07/2013

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