ABC tem 1.254 pacientes na fila por transplante

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Esperança. Essa é a palavra que traduz o sentimento de Luiz Alexandre de Oliveira, 47 anos, que aguarda há quatro anos por transplante renal. O motorista, agora afastado, descobriu aos 39 anos que seus rins funcionavam apenas com 30% da capacidade após sofrer de hipertensão. Desde então, vive sob acompanhamento médico, com bateria de exames de sangue e de urina a cada três meses. Depois de quatro anos, a hemodiálise foi inevitável. Os rins de Luiz começaram a funcionar abaixo dos 10% e o cadastro na fila de transplante foi imediato.
A esposa de Luiz, Rosa Aparecida Souza de Oliveira, conta que essa trajetória tem sido enfrentada com muito otimismo graças ao apoio da família. "No começo foi muito difícil, ele ficou deprimido e, para piorar, o irmão faleceu pelo mesmo problema. Meu marido afirma que eu e nossos três filhos sustentamos a força dele", diz a esposa de Luiz, que se recupera da retirada de pedra da vesícula e aguarda um doador compatível. A ansiedade de Luiz é sentida por mais 12.650 pessoas no Estado de São Paulo.

Aliviada, a professora Iderli Patini de Savino, 44 anos, leva a vida mais intensamente após ter os rins transplantados em junho deste ano. Após dois anos de espera, Iderli já estava conformada de que o processo poderia levar anos, a exemplo dos colegas das sessões de hemodiálise, há 10 anos na fila de espera. "Aprendi que tudo tem seu tempo certo, basta ter fé e esperança", diz a professora, que descobriu ter rins policísticos hereditários do pai aos 18 anos.
Com 42 anos, o funcionamento dos rins de Iderli era de 5%, quando começaram as sessões de hemodiálise e a entrada no cadastro na fila de transplantes. Após dois anos foi necessária colocação de cateter para seguir com a hemodiálise, no entanto, dois dias antes de realizar o procedimento veio a notícia que Iderli tanto aguardava: havia o rim compatível. "Demorei a acreditar, mas logo me encaminhei ao hospital. O processo pós-operatório foi tranquilo, voltei para casa antes do previsto e agora retomei a rotina normalmente", conta entusiasmada com a causa que passou a incentivar, sobre a importância da decisão de doar órgãos.
Conscientização
Segundo dados do Ministério da Saúde, divulgados durante essa Semana Nacional de Doação de Órgãos, houve redução de 35% na lista de espera nos últimos três anos. Atualmente 38.759 brasileiros aguardam transplante no País, sendo a cirurgia de córnea responsável por 60% de todos os transplantes realizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde). No ABC, são 1.254 pacientes na fila.
Mas o número de doadores deve aumentar com a sensibilização da população. A projeção para 2013 do Ministério da Saúde é chegar a 13,5 doadores por milhão da população, índice que era de 6,5 doadores em 2003. "É possível aumentar a meta em 10% nos próximos cinco anos, basta seguir a linha gradativa de conscientização e investimentos dos governos estadual e federal", afirma José Osmar Medina Pestana, presidente da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos).
Segundo Pestana, a quantidade de pessoas na lista de espera pode não sofrer queda expressiva nos próximos anos devido à expectativa de vida do brasileiro. "Com a longevidade é natural que problemas de saúde surjam e o transplante seja necessário, para atender as expectativas nos atentamos que a população brasileira também tem crescido e isso gera um ciclo", explica o presidente.
ABC sofre carência de uma central de captação
No Brasil existem 27 centrais de notificação, captação e distribuição e órgãos, uma para cada Estado. Para Wilma Maria de Morais Carvalho Rosa, presidente do Instituto Paulista de Educação em Saúde (Ipes), o ABC sofre carência de uma central de captação.
"Em 2010 entregamos ao Consórcio Intermunicipal a proposta de implantar o serviço de procura de órgãos e tecidos na região. A partir daí, passamos a dialogar com os prefeitos e, na gestão atual, aguardamos retorno do prefeito de Santo André [Carlos Grana] para criar esse organismo de utilidade pública em meados de 2014 na cidade", aponta. Maria Rosa comandará audiência pública nesta sexta-feira (27) na Câmara andreense.
Fonte: RD Repórter Diário – 30/09/2013 

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